Após a morte de seu marido em 1819, Maria Rosa passou a ser chamada de viúva Serva e herdou os negócios do esposo, incluindo a livraria e a tipografia, que eram os únicos estabelecimentos do tipo na Bahia na época. Em sociedade com seu genro, José Teixeira de Carvalho, a viúva Serva converteu a Tipografia da Viúva Serva em um espaço que impulsionou o debate político, principalmente após a extinção da Comissão de Censura em 1821.
Na Tipografia da Viúva Serva foram impressos inúmeros panfletos que expunham as controvérsias políticas da época, dando destaque para as questões constitucionalistas e a luta pela Independência do Brasil. Além disso, a tipografia também foi responsável pela impressão de documentos e textos ligados ao movimento constitucional, como “Instruções para as Eleições dos Deputados das Cortes” e “Constituição Política da Monarquia Portuguesa”.
Com o tempo, a Tipografia da Viúva Serva se tornou o centro de produção de jornais baianos, expandindo seu número de publicações de apenas um para 12 títulos entre 1822 e 1823. Um dos destaques foi o jornal O Constitucional, primeiro periódico de oposição do Brasil e de expressão liberal.
Apesar das truculências das autoridades lusitanas, a tipografia continuou funcionando e, em 1828, Maria Rosa se associou aos seus dois filhos, Manoel e José, para recriar a empresa sob nova razão social de “Tipografia da Viúva Serva & Filhos”. Durante os anos turbulentos da década de 1830, a tipografia se manteve alinhada ao projeto imperial brasileiro e se opôs à Tipografia do Diário, encerrando suas atividades em novembro de 1837.
Após a venda da livraria em 1846, Maria Rosa viveu seus últimos anos cercada pelos filhos e netos. Ela faleceu em 1858 e foi sepultada no cemitério da Quinta.
A história da viúva Serva representa uma sociedade em transformação, na qual as mulheres, mesmo da elite, tinham dificuldade para ter acesso à educação e aos livros. A viúva Serva, com sua importante casa editorial, ajudou a abrir caminho para que mais mulheres pudessem ter acesso à literatura e às ideias que circulavam na época.
O projeto Mátria Brasil, idealizado pela professora Patrícia Valim da Universidade Federal da Bahia, tem como objetivo apresentar mulheres relevantes e pouco conhecidas ao longo da história do Brasil. A série de textos escritos por historiadoras e historiadores destaca o papel dessas mulheres desde a invasão portuguesa até os dias atuais.