Taxa básica de juros é reduzida pelo Copom em meio à resiliência da economia

A atividade econômica no Brasil tem apresentado sinais de resiliência nos últimos trimestres, mesmo com a taxa básica de juros, Selic, se mantendo em 13,75%. Essa surpresa na atividade levou o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a debater as possíveis razões por trás desse desempenho positivo.

De acordo com a ata da última reunião do Copom, publicada pelo Banco Central, uma das possibilidades levantadas pelos diretores é que o setor agropecuário tem tido um impacto indireto em outros setores da economia. No entanto, o Copom ressalta que, apesar desse efeito existir, ele não seria suficiente para explicar completamente a magnitude da surpresa na atividade econômica.

Outra possibilidade discutida pelo Copom é que a elevação da renda disponível, por conta do dinamismo do mercado de trabalho, a queda nos preços dos alimentos ou programas de transferência de renda, também possa ter contribuído para o consumo. O Comitê considera esse tema muito relevante e destaca que o crescimento sustentado pela elevação da renda é corroborado pela resiliência no consumo de serviços das famílias.

Uma terceira hipótese seria uma taxa de juros neutra mais elevada, embora essa possibilidade tenha um impacto menor em variações de curto prazo. No entanto, o Copom decidiu manter sua avaliação atual sobre a taxa neutra, de 4,5%.

Por fim, a quarta possibilidade seria um aumento no crescimento potencial nos últimos trimestres devido a reformas regulatórias e avanços institucionais. O Copom reconhece que ainda é cedo para reavaliar o crescimento potencial, mas pondera que se a economia continuar crescendo de forma resiliente nos próximos trimestres sem impactos inflacionários, isso poderá levar a uma reavaliação no futuro.

Além disso, o Copom também discutiu o hiato do produto, que está mais apertado do que era estimado anteriormente. Ainda há expectativa de uma desaceleração da economia nos próximos trimestres, mas o debate sobre a ociosidade na economia e o potencial de crescimento estrutural do país ganhou fôlego após a surpresa positiva do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre.

Em relação ao crédito, o Copom avalia que a desaceleração nas concessões está de acordo com a postura da política monetária. Já no mercado de trabalho, a avaliação é dividida, com alguns membros do Copom considerando uma moderação no mercado de trabalho e outros destacando a queda na taxa de desemprego e o ritmo ainda elevado de contratações no emprego formal.

Em suma, o Copom está analisando diversas possibilidades para entender a resiliência da economia brasileira e como isso pode influenciar a política monetária. As próximas decisões do Comitê serão fundamentais para avaliar a trajetória da atividade econômica no país.

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