Dentre as perguntas sem resposta, a maioria foi formulada pela senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), que questionou o general sobre sua participação nos governos militares que se iniciaram após o golpe de 1964. A parlamentar indagou se Heleno é partidário da tese que advoga o poder moderador das Forças Armadas, fazendo referência a uma declaração do general em agosto de 2021 sobre a possibilidade de intervenção militar. No entanto, Heleno se recusou a responder, afirmando que esse tema não está no escopo da sua convocação.
A participação do ex-ministro no governo militar pós-1964 também foi criticada pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), que afirmou que o depoente esteve presente durante um regime que cometeu prisões, torturas e assassinatos. Carvalho destacou a impunidade presente no país, ressaltando que Heleno estava ali como depoente, representando a impunidade.
Além das perguntas sobre sua participação nos governos militares, Heleno também se recusou a responder se participou de uma reunião em novembro de 2021 entre o então presidente Jair Bolsonaro e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Essa pergunta foi apresentada pelo deputado Rubens Pereira Junior (PT-MA) e fazia referência a informações atribuídas ao acordo de delação premiada firmado entre a Polícia Federal e um ex-ajudante-de-ordens do presidente Bolsonaro, que supostamente mencionou a possibilidade de um golpe de Estado para impedir a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por fim, o deputado Rogério Correia (PT-MG) questionou se o ex-ministro participou de uma reunião em agosto de 2022 entre Bolsonaro e o hacker Walter Delgatti Neto para discutir a segurança das urnas eletrônicas. Essa pergunta também ficou sem resposta.
Na CPMI, apenas dois dos 12 integrantes que questionaram Heleno fazem oposição ao governo: os senadores Izalci Lucas (PSDB-DF) e Eduardo Girão (Novo-CE). Eles criticaram a atuação do governo federal na proteção do patrimônio em relação aos ataques ocorridos no dia 8 de janeiro. Izalci Lucas questionou o papel do general Marco Edson Gonçalves Dias, que sucedeu Heleno no comando do GSI, e afirmou que o governo poderia ter evitado os ataques se tivessem tomado providências. O senador criticou a suposta omissão do governo federal em relação aos alertas recebidos pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
A reunião da CPMI foi marcada por tensões entre os parlamentares e o general Heleno, que se recusou a responder diversas perguntas, gerando indignação por parte da oposição ao governo. O depoimento do ex-ministro continua sendo aguardado para os próximos dias, e os desdobramentos dessa situação prometem continuar rendendo discussões acaloradas no âmbito da CPMI.