O levantamento realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, que acontece anualmente desde 2010, reuniu representantes governamentais e da sociedade civil para estabelecer as diretrizes do uso da internet no país. Foram realizadas 10.448 entrevistas presencialmente com gestores, coordenadores, professores e alunos de 1.394 escolas públicas e particulares.
A pesquisa revela que a realidade das escolas brasileiras é de um acesso precário à internet. Apenas 52% das escolas estaduais possuem mais de 50 Mbps de velocidade em sua principal conexão. Para utilizar a internet como ferramenta pedagógica, é recomendado uma velocidade de 1 Mbps por aluno, de acordo com o Grupo Interinstitucional de Conectividade na Educação. Nas escolas particulares e municipais, apenas 46% e 29%, respectivamente, possuem essa velocidade.
Apesar disso, houve um avanço pós-pandemia. Em 2020, apenas 22% das escolas estaduais possuíam essa velocidade de conexão mais alta, enquanto nas particulares esse número era de 32%, e nas municipais, de apenas 11%.
Quando analisamos quais instituições possuem simultaneamente computadores e acesso à internet para os alunos, as escolas estaduais apresentam um desempenho melhor, alcançando 82%. Já nas escolas particulares esse número é de 73% e nas municipais, de 43%. No entanto, as escolas estaduais estão entre as que mais recebem reclamações de baixa qualidade de sinal da internet e incapacidade de suportar muitos acessos simultâneos.
A falta de formação para a utilização da tecnologia em atividades educacionais foi citada por 75% dos professores como um entrave para o uso desses recursos. Apenas 56% dos docentes afirmaram ter participado de algum curso de formação nos últimos 12 meses.
Para os alunos, a proibição do uso de celular foi mencionada por 61% como um dos motivos para não utilizar a internet da escola. Além disso, 64% dos estudantes afirmaram que os professores não utilizam a internet em atividades educacionais.
A pesquisa também ressaltou a importância de investir em uma educação para o uso das mídias, já que 61% dos professores disseram ter ajudado alunos a lidar com situações difíceis online, como o uso excessivo de jogos e tecnologia, ciberbullying, discriminação, disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento e assédio.
Esses dados evidenciam a necessidade de melhorias no acesso e utilização da tecnologia nas escolas brasileiras, bem como investimentos em formação para os professores e conscientização dos alunos sobre o uso responsável das mídias e da internet.