A defesa nega que tenha acontecido masturbação coletiva durante o evento, como apontavam usuários de redes sociais que compartilharam as imagens. A advogada afirma que os fatos veiculados não são isolados e que acontecem há anos nas universidades, estando relacionados ao crescimento do bullying, síndrome de burnout e até mesmo práticas de suicídio entre garotos e garotas dessa faixa etária.
A advogada também critica a postura adotada pela Unisa ao expulsar os alunos sem uma apuração dos fatos pelas autoridades competentes e a punição dos verdadeiros responsáveis. Os alunos ouvidos pela Folha confirmam que ficar nu é um dos trotes aplicados por veteranos aos calouros em diferentes cursos de medicina na Unisa. O escritório que representa outros dois alunos expulsos também repudia as expulsões e afirma que eles não tiveram acesso ao processo ou às supostas provas reunidas nele.
Ao menos 15 alunos foram expulsos até o momento e a Unisa não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre os métodos utilizados para identificar os alunos e sobre as medidas que serão tomadas para evitar casos semelhantes. A universidade classificou os atos como “execráveis” e entregou ao Ministério Público de São Paulo elementos que podem colaborar com as providências cabíveis.
O Ministério da Educação (MEC) já notificou a Unisa para pedir informações e também solicitou esclarecimentos de outras três universidades: São Camilo, Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e FCMSCSP (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo). O objetivo é apurar as medidas tomadas para investigar e punir condutas ocorridas em trotes, jogos ou eventos acadêmicos. A Polícia Civil também está investigando o caso e deve ouvir os envolvidos nos próximos dias para que prestem esclarecimentos sobre o ocorrido, apurando se foram cometidos os crimes de ato obsceno e importunação sexual.