De acordo com a Climatempo, as regiões mais afetadas serão o Centro-Oeste, Norte e o interior do Nordeste. Em São Paulo, maior cidade da América Latina, os termômetros podem chegar a 37,1°C, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). No entanto, especialistas afirmam que a sensação térmica pode variar consideravelmente dependendo das condições de moradia, área de sombra, número de prédios e arborização de cada bairro.
Moradores de comunidades como o Jardim Colombo, no complexo de Paraisópolis, estão sofrendo mais com o calor devido à falta de áreas verdes e às condições precárias das casas, que possuem pouca ventilação. Maria do Carmo da Silva, conhecida como Rosinha, relata que em dias quentes a cobertura de fibrocimento de sua casa contribui para que os cômodos fiquem extremamente quentes. Ela, que está desempregada e mora com mais três pessoas em dois quartos, conta que é impossível ficar no segundo andar da casa devido ao calor.
Além disso, Rosinha utiliza dois ventiladores para refrescar os quartos, sendo que em um deles retirou a grade plástica para aumentar a ventilação. Ela também coloca uma bacia com água ao lado da cama de sua filha de 2 anos, que sofre com asma e bronquite.
As favelas e assentamentos urbanos informais tendem a ser mais quentes e vulneráveis em momentos de ondas de calor devido à falta de espaço para escoamento do ar quente e ao isolamento térmico das casas precárias, de acordo com a professora Denise Duarte, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP).
Enquanto em áreas nobres e arborizadas, como o bairro de Higienópolis, a sensação térmica tende a ser menos intensa, em locais mais desfavorecidos, como o Jardim Colombo, a falta de vegetação e o adensamento das construções contribuem para a formação de ilhas de calor urbanas.
A desigualdade na distribuição de adensamento urbano na cidade é evidente, com áreas mais ricas concentrando grandes apartamentos ocupados por poucas pessoas, enquanto regiões mais pobres possuem casas sem espaço suficiente e sem conforto adequado. Essa desigualdade é agravada pela falta de arborização, o que prejudica a qualidade de vida e a qualidade ambiental desses locais.
Em momentos como esse, é importante refletir sobre a desigualdade socioambiental que afeta diretamente a saúde e o bem-estar das pessoas que vivem em áreas mais vulneráveis. Medidas para aumentar a arborização, melhorar o planejamento das habitações e promover a igualdade de acesso ao conforto climático são necessárias para garantir uma melhor qualidade de vida para todos os cidadãos.