O Hub foi inaugurado no início de abril como principal porta de entrada para dependentes químicos da cracolândia que buscam tratamento. Atualmente, a Unidade Experimental de Saúde abriga pessoas inimputáveis pela Justiça, incluindo o caso de Roberto Aparecido Alves Cardoso, conhecido como Champinha, acusado de participar do assassinato do casal de estudantes Liana Friedenbach e Felipe Caffé, em 2003.
A intenção do governo estadual é aproveitar a recente mudança na legislação que tornou a detenção de pessoas com transtornos mentais irregular, para vincular a unidade experimental ao atendimento contra a dependência química. Além disso, a proximidade entre os dois endereços facilitaria o processo, já que ficam a cerca de 15 minutos de carro de distância.
A estrutura estadual de internação para dependentes químicos, composta por leitos em hospitais psiquiátricos e vagas em comunidades terapêuticas, está atualmente com 85% de ocupação, próximo à capacidade total. Desde a inauguração do Hub, em abril, 2.440 pacientes foram encaminhados para hospitais especializados, enquanto outros 433 receberam tratamentos em prontos-socorros e unidades básicas de saúde.
O governo estadual disponibiliza 1.605 vagas em comunidades terapêuticas, e registrou 1.624 encaminhamentos para esses equipamentos em cinco meses. Apesar de não existirem filas para as vagas, a gestão não informou o tempo médio de permanência dos pacientes.
Os estudos para a mudança de uso da unidade experimental começaram após a aprovação da resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que determina o fim dos manicômios judiciários até maio do próximo ano. Ainda não está claro como será a realocação dos internos da unidade na Vila Maria, como é o caso de Champinha.
O Tribunal de Justiça de São Paulo afirmou que o caso de Champinha corre em segredo e, por isso, não irá comentar sobre o assunto. A Secretaria de Estado da Saúde informou que não há definição sobre o atendimento de dependentes químicos na Unidade Experimental de Saúde, que continua recebendo pacientes encaminhados por meio de ações judiciais.
A alta demanda por internações psiquiátricas tem pressionado também a rede municipal de São Paulo, que possui menos leitos do que o estado. Além disso, a administração do prefeito Ricardo Nunes (MDB) não é mais responsável pelo hospital São José, no Imirim, que estava destinado a ser um serviço de acolhimento a médio prazo para usuários de drogas. O projeto foi descartado devido à oposição de moradores locais.
A gestão municipal não esclareceu os motivos para o hospital deixar de integrar a rede de saúde municipal e nem se haverá substituição dos 50 leitos fechados. A inauguração do centro Hub atraiu uma grande demanda de dependentes químicos em busca de internação para superar o vício, revelando a preocupação com as cenas abertas de uso de drogas. No entanto, o serviço enfrenta dificuldades para controlar a demanda reprimida.