Os recordes de calor estão se tornando cada vez mais significativos, de acordo com Karin Gleason, climatologista da Noaa. Essa tendência já havia sido observada nos últimos meses, uma vez que junho e julho também foram os meses mais quentes registrados globalmente. Isso resultou no verão mais quente já registrado no hemisfério norte e no inverno mais quente no hemisfério sul.
Além disso, as temperaturas globais da superfície do mar também estão atingindo recordes históricos consecutivos. O mês de agosto foi especialmente quente nos Estados Unidos, sendo considerado o nono mais quente já registrado. No entanto, os estados da Flórida, Louisiana e Mississippi vivenciaram o mês de agosto mais quente de todos os tempos.
Em termos de fenômenos climáticos, agosto de 2023 apresentou a formação de 19 tempestades nomeadas em todo o mundo, sendo que 8 alcançaram a força de ciclones tropicais. Vale destacar que seis dessas tempestades ocorreram no oceano Atlântico, o que é um número maior do que o usual para essa região.
Os Estados Unidos também têm enfrentado uma série de desastres climáticos, com 23 eventos que causaram prejuízos superiores a US$ 1 bilhão cada um somente este ano. Essa quantidade é a maior já registrada em um único ano, mesmo quando ajustada à inflação.
Entre os desastres, destacam-se o furacão Idalia, de categoria 3, na Flórida, e os incêndios florestais no Havaí. Os incêndios em Maui foram agravados pelos ventos do furacão Dora, resultando na trágica morte de 97 pessoas. Além disso, o sul da Califórnia recebeu seu primeiro aviso de tempestade tropical durante o furacão Hilary, com um volume de chuvas em apenas 48 horas maior do que o esperado para todo o ano.
As mudanças climáticas têm sido apontadas como um fator importante para intensificar os fenômenos meteorológicos, como furacões. Embora o efeito direto das mudanças climáticas nos furacões não seja totalmente compreendido, os cientistas acreditam que as tempestades se tornam mais fortes devido ao aquecimento dos oceanos. Isso pode resultar em um aumento no número de furacões de categoria 3 ou superior, como foi o caso do furacão Idalia.
De acordo com a Noaa, 2023 provavelmente será o ano mais quente já registrado, ou pelo menos o segundo mais quente, após 2016. As condições do El Niño, que contribuem para um aumento na temperatura média, estão previstas para persistir durante o inverno do hemisfério norte (verão no hemisfério sul). Essa combinação de fatores climáticos pode fazer com que o próximo ano, 2024, seja ainda mais quente do que 2023.
Diante desse cenário preocupante, Karin Gleason, da Noaa, ressalta que é possível que o calor continue pelo resto de 2023. A combinação do El Niño com o aquecimento global causado pelas mudanças climáticas pode resultar em anos cada vez mais quentes no futuro.