Um estudo publicado na revista Nature analisou as emissões diárias globais de partículas finas (PM2,5) e concentrações superficiais de ozônio causadas por incêndios não urbanos entre 2000 e 2019. Os pesquisadores descobriram que a poluição atmosférica anual causada por incêndios em bosques e campos nos países de baixa renda é cerca de quatro vezes maior do que nos países ricos. Regiões como a África Central, Sudeste Asiático, América do Sul e Sibéria apresentaram os níveis mais elevados de poluição.
De acordo com os dados do estudo, aproximadamente 2,18 bilhões de pessoas por ano estiveram expostas a pelo menos um dia de poluição atmosférica substancial decorrente de focos de incêndios entre 2010 e 2019. Isso representa um aumento de quase 7% em comparação com a década anterior. Os níveis médios diários de PM2,5 nessas regiões ultrapassaram as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde, que são de 15 microgramas por metro cúbico de ar. Vale ressaltar que a poluição causada por incêndios representa pelo menos metade do total de poluentes nessas áreas.
A África foi a região que teve o maior número médio de dias de exposição à poluição atmosférica substancial por pessoa por ano, com uma média de 32,5 dias. Na América do Sul, essa média foi de 23,1 dias, enquanto na Europa foi de apenas 1 dia por ano ao longo da década analisada. É importante destacar que os cinco países com a maior média anual de dias de exposição a uma poluição significativa por incêndios são todos africanos: Angola, República Democrática do Congo, Zâmbia, Congo-Brazzaville e Gabão.
Os resultados do estudo também alertam para a possibilidade de que a poluição atmosférica causada por incêndios florestais e em campos possa piorar no futuro devido à mudança climática. Os pesquisadores apontam que é necessário adotar medidas urgentes para reduzir e controlar esses incêndios, a fim de proteger a saúde da população e prevenir impactos ainda mais graves. Ações como investimentos em prevenção de incêndios, treinamento de equipes de resposta e políticas de conservação ambiental são essenciais para mitigar essa problemática.