Esses números são preocupantes, pois demonstram a falta de diversidade e representatividade no Poder Judiciário. É surpreendente que os tribunais de justiça desconheçam elementos básicos sobre discriminação, como a importância de combater o assédio e implementar políticas afirmativas para garantir uma maior inclusão de mulheres e pessoas de diferentes raças.
Um dos principais problemas é o sistema de promoção baseado na antiguidade, que reproduz as desigualdades de gênero anteriormente estabelecidas na instituição. Para promover a igualdade, é necessário adotar medidas como a criação de listas tríplices apenas com mulheres e políticas de letramento de gênero.
Além disso, é importante ampliar o conceito de discriminação para incluir situações em que a ausência de ações afirmativas resulta em um estado inconstitucional de discriminação, mesmo que de forma indireta por meio de regras supostamente neutras, como a antiguidade.
No Conselho Nacional de Justiça, a proposta de alternância de gênero no preenchimento de vagas para a segunda instância do Judiciário está em discussão. No entanto, a decisão sobre essa proposta foi adiada, mostrando a resistência de parte da magistratura em promover mudanças significativas para enfrentar a desigualdade de gênero e raça no Poder Judiciário.
É vergonhoso que, em pleno século 21, a instituição que deveria garantir a justiça e igualdade para todos ainda seja tão desigual e resistente a mudanças. É fundamental que o Judiciário se atualize e promova a inclusão e diversidade, de modo a representar melhor a sociedade plural em que vivemos.