Adiamento da análise da PEC que impede punições a partidos por descumprimento das cotas de gênero e raça nas eleições de 2022

Na última quarta-feira (20), foi adiada para a próxima terça-feira (26) a análise da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 9/23, que impede punições a partidos políticos que descumpriram as cotas mínimas de gênero e raça nas eleições de 2022. A solicitação do adiamento foi feita pelo relator da proposta, deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), que afirmou precisar de mais tempo para analisar as discussões realizadas durante a reunião.

Uma das novidades propostas por Rodrigues no texto original da PEC, de autoria do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) e outros, é a reserva de 20% das cadeiras do legislativo para mulheres a partir de 2026. Nas próximas eleições municipais, a reserva será de 15% das vagas.

O novo texto da PEC mantém a proibição de sanções aos partidos políticos, como devolução de valores, multa ou suspensão dos recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, tanto pelo descumprimento das cotas de gênero e raça quanto por irregularidades na prestação de contas até a data da promulgação.

A PEC tem recebido críticas de alguns parlamentares. A deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) afirmou que a proposta representa a maior autoanistia da história. Já a deputada Gleisi Hoffman (PT-PR) defendeu a aplicação de sanções políticas, como a substituição de homens por mulheres quando não for atingida a cota de cadeiras.

Atualmente, a Lei das Eleições determina que cada partido político deve lançar, no mínimo, 30% de candidatos de um gênero e, no máximo, 70% de outro. Apesar de não definir uma cota feminina, a prática mostra que o mínimo de 30% das candidaturas acaba sendo reservado para mulheres. Além disso, desde 2022, a Emenda Constitucional 117 obriga a destinação de, no mínimo, 30% dos recursos dos fundos eleitoral e de campanha a candidaturas femininas.

A constitucionalidade da emenda está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal (STF), porém, ainda não há uma data definida para o julgamento.

Outro ponto importante da PEC é a inserção de uma cota mínima de 20% dos recursos dos fundos eleitoral e partidário para candidaturas de pessoas pretas e pardas, independentemente do sexo. Essa medida tem sido criticada pela deputada Fernanda Melchionna, que alega que ela cria uma cota de 80% para brancos em um país de maioria negra.

Devido às polêmicas e discussões em torno da proposta, a análise da PEC foi adiada para a próxima semana. Enquanto isso, os debates sobre a reserva de vagas para mulheres e as cotas raciais continuam em destaque no cenário político brasileiro.

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