“Abrimos as portas do inferno”: ONU alerta sobre a crise climática provocada pela atividade humana

Na abertura da Cúpula da Ambição Climática, realizada em Nova York nesta quarta-feira (20), o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um alerta contundente sobre a crise climática provocada pela atividade humana. Guterres afirmou que a humanidade “abriu as portas do inferno”, diante dos terríveis efeitos do calor extremo, como secas, inundações, incêndios históricos e temperaturas sufocantes.

O evento reuniu líderes mundiais para discutir medidas e compromissos de combate às mudanças climáticas, porém, representantes da China e dos Estados Unidos, os dois maiores poluidores do planeta, não participaram da reunião. Guterres destacou que a ação pelo clima tem sido ofuscada pela magnitude do desafio, e alertou que o planeta está caminhando para um futuro perigoso e instável, com um aumento da temperatura de 2,8°C.

O Brasil também esteve presente na cúpula, representado pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Em seu discurso, a ministra destacou a redução do desmatamento na Amazônia e do garimpo no território Yanomami, e afirmou que o país voltará às metas climáticas propostas no Acordo de Paris, assinado em 2015. Marina anunciou que o Brasil elevará seus compromissos de redução de emissões de carbono de 37% para 48% até 2025, e de 50% para 53% até 2030.

Guterres destacou a importância de líderes como Marina para construir um futuro sustentável e ressaltou a necessidade de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. Ele enfatizou que é preciso recuperar o tempo perdido devido à lentidão e à ganância dos interesses ligados aos combustíveis fósseis. O secretário-geral propôs um Pacto de Solidariedade Climática, no qual os principais emissores devem reduzir suas emissões e apoiar as economias emergentes nesse processo.

Além disso, Guterres pediu justiça climática e exigiu que os países desenvolvidos atinjam zero emissão líquida até 2040, enquanto as economias emergentes devem alcançar esse objetivo até 2050. Ele ressaltou a importância de cumprir o compromisso de US$ 100 bilhões para ajudar os países do Sul Global, repor o Fundo Verde para o Clima e aumentar o financiamento para a adaptação.

O secretário-geral destacou a necessidade de um sistema de alerta precoce global até 2027 e enfatizou que a cúpula não mudará o mundo, mas pode gerar impulso para ações concretas. O desafio climático é gigantesco, porém Guterres acredita que ainda é possível construir um mundo de ar limpo, empregos verdes e energia limpa e acessível para todos. A cúpula marca um importante momento de discussão e comprometimento com a questão climática, porém é preciso que os líderes sigam adiante com ações concretas para enfrentar essa crise global.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo