Vereador é cassado por ato racista em decisão histórica na Câmara Municipal de São Paulo

Na tarde desta terça-feira (19/9), o Plenário da Câmara Municipal de São Paulo tomou uma decisão histórica ao cassar, por unanimidade, o mandato do vereador Camilo Cristófaro (AVANTE). Esta é a primeira vez na história da Casa que um parlamentar perde o cargo devido a um ato racista.

O vereador estava sendo processado por um ato racista desde maio de 2021, quando a Corregedoria-Geral do Legislativo iniciou a análise do caso. A ação foi representada no RPP (Requerimento de Representação) 2/2022, da Corregedoria do Parlamento paulistano. O relatório foi votado nominalmente pelos parlamentares e exigiu quórum com maioria absoluta.

Foi necessário pelo menos 37 votos favoráveis para manter a cassação de Camilo, sendo que 47 vereadores votaram a favor da perda do cargo, não houve votos contrários e cinco vereadores se abstiveram. O vereador acusado e a vereadora Luana Alves (PSOL), denunciante do caso, não puderam votar, de acordo com o Regimento Interno da Câmara.

O caso em questão ocorreu durante uma reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Aplicativos, no dia 3 de maio de 2021. O vereador Cristófaro, que era o relator da Comissão, participava dos trabalhos de forma remota quando deixou vazar um áudio com um comentário racista. Ele disse: “Eles arrumaram e não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?”.

Após a repercussão do caso e as representações cobrando punição a Camilo, a Corregedoria-Geral acatou os pedidos e iniciou a apuração. Em maio deste ano, o Plenário aprovou o parecer de admissibilidade, permitindo que o processo avançasse. Agora, após a votação final do relatório, o vereador perdeu o mandato.

Este caso é o terceiro de cassação de vereador na história da Câmara Municipal de São Paulo. Os dois casos anteriores ocorreram há 24 anos, em 1999, quando o ex-vereador Vicente Viscome e a ex-vereadora Maeli Vergniano foram cassados por envolvimento na Máfia dos Fiscais, que cobrava propina de comerciantes e ambulantes da cidade.

Camilo Cristófaro, de 62 anos, estava em seu segundo mandato na Casa. Ele foi eleito pela primeira vez nas eleições de 2016 e reeleito em 2020. A cassação de seu mandato é um marco importante no combate ao racismo e na garantia de um ambiente político mais justo e igualitário.

Acompanhe os trabalhos da Sessão Plenária desta terça-feira atravéz deste link: [link do vídeo].

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