No dia 6 de setembro, a Secretaria de Educação comandada por Renato Feder enviou um comunicado às escolas informando que todas as aulas do 3º bimestre, de todos os componentes curriculares dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio, passariam por revisão. Essa decisão ocorreu dois dias após uma determinação provisória da Justiça para a retirada das aulas com erros do ar, sob pena de multa diária caso isso não fosse cumprido.
A secretaria instruiu os professores a baixarem uma nova versão do material a partir do dia 11 de setembro, após a revisão adicional ter sido concluída. No entanto, ainda foram encontrados erros conceituais, como na aula de “defeitos da visão” para alunos do 6º ano, em que o texto menciona o uso de uma lente convergente para corrigir hipermetropia, mas a imagem apresentada é de uma lente divergente. Além disso, no material de matemática do 8º ano, há a afirmação de que há um triângulo equilátero inscrito em um quadrado, o que é impossível de acordo com o teorema de Pitágoras.
A Secretaria de Educação afirmou que intensificou os procedimentos de revisão do material e que já foram revisados 30 mil slides que serão utilizados em setembro. No entanto, a Folha teve acesso ao sistema onde as aulas estavam disponíveis e encontrou os erros nas disciplinas de ciências e matemática. Após a secretaria ser questionada, o conteúdo foi alterado no sistema.
Segundo a secretaria, o erro encontrado na aula de ciências já havia sido corrigido antes de ser apresentado em sala de aula, mas não foi explicado o motivo de o conteúdo com erro ter sido acessado pela Folha. Já em relação ao material de matemática, a pasta informou que essa aula ainda está em revisão, junto com todo o conteúdo anterior a setembro.
Vale ressaltar que o material produzido pela secretaria começou a ser distribuído às escolas em abril deste ano, para mais de 3 milhões de alunos. Inicialmente, o secretário de Educação pretendia substituir os livros didáticos do Ministério da Educação pelo conteúdo produzido pela sua equipe, mas voltou atrás após críticas. Diversos erros gramaticais, conceituais e metodológicos foram apontados por professores e especialistas.
A Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais afirmou que os livros didáticos comprados pelo MEC passam por um processo de produção que dura pelo menos dois anos e depois são submetidos a revisões externas. Já em São Paulo, o material didático começou a ser distribuído menos de três meses após o início da produção, sem informações sobre o processo de revisão.
Diante dessas constantes falhas no material didático, a secretaria afastou servidores e o coordenador responsável pela produção do conteúdo pediu demissão. Resta saber se esses esforços serão suficientes para resolver os problemas e garantir a qualidade da educação nas escolas paulistas.