De acordo com relatos do pai de Heloísa, a família estava dentro do carro quando passou próximo a um posto da PRF sem ser abordada. No entanto, logo em seguida, um veículo policial começou a segui-los de perto. Ao reduzir a velocidade e sinalizar que iriam parar, os agentes atiraram contra o carro da família. A PRF alegou que os disparos foram efetuados por suspeita de que o veículo estivesse envolvido em um roubo.
Infelizmente, o tiro atingiu a cabeça e a coluna da pequena Heloísa, causando ferimentos gravíssimos. Apesar dos esforços médicos e da internação no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, a criança teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu, falecendo no dia 16 de setembro.
A Procuradoria está investigando o caso para apurar se houve lesão corporal ou tentativa de homicídio qualificado devido à idade da vítima. Além disso, também está sendo investigada a informação de que um policial à paisana teria ido ao centro de terapia intensiva onde Heloísa estava internada.
Em nota, a PRF se solidarizou com a família e informou que sua Comissão de Direitos Humanos está prestando apoio psicológico à família. A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) estão encarregados de investigar o caso.
O triste episódio envolvendo a morte de uma criança em uma abordagem policial não é um caso isolado no Rio de Janeiro. Segundo a plataforma Fogo Cruzado, que monitora a violência na cidade, pelo menos oito crianças perderam suas vidas em decorrência de tiros este ano.
Diante dessa realidade chocante, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou nas redes sociais que irá acelerar a revisão dos protocolos da PRF. Ele também afirmou que determinou a revisão da doutrina policial e dos manuais de procedimento após a demissão dos policiais envolvidos no caso Genivaldo, ocorrido em Sergipe. O ministro prometeu que outras medidas serão anunciadas em breve.
Recentemente, a União foi condenada pela Justiça Federal a pagar uma indenização de R$ 1 milhão por danos morais ao filho de Genivaldo de Jesus Santos, que morreu após ser trancado no porta-malas de uma viatura da PRF durante uma abordagem no ano passado. A sentença também determina que a União pague uma pensão mensal ao filho da vítima até que ele complete 24 anos.
A violência contra crianças no Rio de Janeiro é uma triste realidade que precisa ser enfrentada. A plataforma Futuro Exterminado, lançada pelo Fogo Cruzado, permite consultar informações sobre cada criança e adolescente vítima de violência armada na região desde 2016. É necessário que as autoridades e a sociedade como um todo unam esforços para encontrar soluções efetivas e garantir a segurança das crianças e jovens cariocas.