Quando adolescente, Sofia descobriu uma maneira curiosa de aprender matemática: as paredes de seu quarto eram cobertas com páginas do livro de cálculo de Ostrogradsky que seu pai usara na escola. Essa experiência incomum despertou seu interesse e ela começou a estudar os rudimentos de derivação e integração por conta própria.
Apesar das restrições impostas às mulheres na sociedade russa da época, Sofia não deixou que isso a impedisse de buscar conhecimento. Aos 18 anos, ela contraiu um casamento de fachada com o paleontologista Vladimir Kovalevski, permitindo que ela viajasse para Heidelberg, onde teve a oportunidade de estudar com renomados cientistas como G. Kirchoff e H. von Helmholtz.
No entanto, foi em Berlim que Sofia encontrou seu mentor e maior incentivo: Karl Weierstrass. Durante quatro anos, ela estudou sob sua orientação e escreveu três trabalhos científicos notáveis, que mais tarde se tornaram sua tese de doutorado. Em 1874, Sofia defendeu sua tese, tornando-se a primeira mulher a obter um doutorado nessa área.
Um dos resultados mais importantes de sua pesquisa foi o teorema de Cauchy-Kovalevski, que é considerado uma pedra fundamental na teoria das equações diferenciais até os dias de hoje. Apesar de seu feito acadêmico e das cartas de recomendação fervorosas de Weierstrass, Sofia enfrentou a discriminação de gênero e não conseguiu encontrar emprego na Europa.
Em 1874, Sofia se reuniu com Vladimir na Rússia e eles começaram a viver como um casal de fato. Apesar das dificuldades financeiras e das ideias políticas radicais de Vladimir, Sofia continuou sua pesquisa e publicou trabalhos notáveis. Em 1883, ela finalmente conseguiu uma posição de professora universitária em Estocolmo, com a ajuda de G. Mittag-Leffler, um matemático sueco.
O reconhecimento de Sofia como uma das principais matemáticas de sua época veio em 1888, quando ela ganhou o Prêmio Bordin da Academia de Ciências da França pelo seu artigo “A rotação de um corpo sólido”. O valor do prêmio foi aumentado de 3.000 para 5.000 francos, dada a qualidade excepcional de seu trabalho.
No ano seguinte, Sofia foi eleita para a Academia de Ciências da Rússia, mas infelizmente, sua vida foi interrompida precocemente pela pneumonia, e ela faleceu menos de dois anos depois, em 1891.
A história de Sofia Kovalevskaya é uma inspiração para as mulheres que desejam seguir carreira nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Ela superou as adversidades de sua época, perseverou em seus estudos e contribuiu significativamente para o campo da matemática. Seu legado continua presente até os dias de hoje, inspirando gerações futuras de mulheres cientistas a nunca desistirem de seus sonhos.