Revolução Pernambucana de 1817: O casamento que desafiou a política de dom João 6º e impactou a independência do Brasil

Nos últimos anos, a historiografia brasileira tem analisado e ressaltado dois aspectos importantes sobre o processo de independência do Brasil. Em primeiro lugar, é necessário destacar que o famoso 7 de setembro de 1822 não marcou de fato a ruptura entre Brasil e Portugal, pois essa separação se deu através de lutas travadas em várias províncias do país, nas quais milhares de homens e mulheres de diferentes classes sociais participaram e muitos perderam suas vidas. Em segundo lugar, é de extrema relevância reconhecer o papel fundamental da Revolução Pernambucana de 1817 nesse processo de independência.

A Revolução Pernambucana de 1817 foi um movimento político liderado por comerciantes, traficantes de escravos, padres e mulheres. No dia 6 de março de 1817, esses revolucionários conspiraram contra as políticas do governo de Dom João VI e tomaram o poder, estabelecendo um governo provisório e decretando a República Pernambucana. Através da Lei Orgânica, que consistia em 28 artigos, foram abordados assuntos como a separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, a abolição de impostos sobre gêneros de primeira necessidade, a liberdade de imprensa e de consciência, a propriedade, a igualdade de direitos e a fraternidade.

Uma das personagens importantes nesse contexto revolucionário foi Maria Teodora da Costa, filha de uma mãe pernambucana e um pai português. Contrariando as expectativas da família, Maria Teodora se apaixonou por Domingos José Martins, um dos líderes da Revolução Pernambucana. O casal enfrentou diversas dificuldades e só pôde se casar após a autorização do governo provisório, sendo que a recusa do pai de Maria Teodora em conceder essa autorização revelou seu posicionamento contrário ao movimento revolucionário.

É importante ressaltar a rebeldia e a autonomia de Maria Teodora nesse contexto, pois foi sua experiência republicana que permitiu a aceitação do casamento pelo pai. A cerimônia de casamento foi realizada de forma simples, em uma capela no Recife, e marcou um dos principais acontecimentos sociais da Revolução Pernambucana.

Infelizmente, o amor de Maria Teodora e Domingos foi interrompido pela repressão brutal às lideranças revolucionárias pelas tropas portuguesas. Domingos foi capturado, agredido e enviado como prisioneiro para Salvador, onde foi executado junto com outros revolucionários. A dor da perda não impediu Maria Teodora de seguir adiante e, posteriormente, ela se casou novamente, demonstrando sua independência e coragem.

O projeto “Mátria Brasil” tem como objetivo resgatar a história das mulheres ao longo do Brasil e apresentar figuras relevantes, porém pouco conhecidas. Iniciativas como essa são importantes para ampliar o conhecimento sobre a participação das mulheres na história do país e valorizar suas contribuições.

Em suma, a história da independência do Brasil vai além do 7 de setembro de 1822 e conta com a participação de diversos atores sociais. A Revolução Pernambucana de 1817 desempenhou um papel significativo nesse processo, e personagens como Maria Teodora da Costa destacam-se por sua coragem e determinação. É fundamental reconhecer e valorizar a história das mulheres brasileiras ao longo dos séculos.

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