Apoiadores de Bolsonaro apresentam menor adesão à vacinação infantil contra Covid, revela pesquisa

A adesão à vacinação infantil contra a Covid-19 é menor entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em comparação aos eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa é uma das conclusões de uma pesquisa realizada pelo SoU_Ciência, da Unifesp, em parceria com o Instituto Ideia.

O estudo entrevistou 1.295 pessoas com 18 anos ou mais de todas as regiões do país, entre os dias 5 e 10 de julho deste ano. A margem de erro é de três pontos percentuais.

De acordo com os resultados, 38,6% dos entrevistados afirmaram ter votado em Lula no segundo turno das últimas eleições, enquanto 36,7% disseram ter votado em Bolsonaro. Além disso, 27,2% dos eleitores do atual presidente discordam da vacinação infantil contra Covid, em comparação com apenas 2,2% dos eleitores de Lula.

Os apoiadores de Bolsonaro também apresentaram menor adesão aos programas de vacinação infantil em geral. Enquanto 89,6% dos bolsonaristas são favoráveis à campanha de vacinação infantil da Covid, esse número chega a 49,1% entre os eleitores de Lula. No caso da vacinação contra poliomielite e sarampo, a diferença é ainda maior: 92,1% dos apoiadores de Bolsonaro são favoráveis, contra 83,6% dos eleitores de Lula.

Segundo os pesquisadores, esses dados evidenciam como Bolsonaro utilizou a pandemia para polarizar politicamente o país, e seus seguidores o acompanharam nessa postura. A adesão aos programas de vacinação infantil, mesmo de vacinas conhecidas e confiáveis, sofreu uma queda nos últimos anos devido à campanha antivacina liderada pelo presidente e seus apoiadores.

Além disso, a pesquisa também apontou a influência de Bolsonaro na comunidade evangélica. Enquanto 81,1% dos evangélicos são a favor da vacinação de crianças contra poliomielite e sarampo, apenas 55,2% apoiam a vacinação infantil contra Covid. Entre os católicos, esses números são de 87,5% e 74,8%, respectivamente.

De acordo com os dados do Observa Infância, da Fiocruz, até o dia 9 de agosto, apenas 11,4% das crianças de 6 meses a 5 anos foram completamente imunizadas contra a Covid, e esse número cai para 7,9% nas crianças de 5 a 11 anos.

Para combater essa baixa adesão à vacinação infantil, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação no início do ano, visando aumentar a confiança da população na vacinação. Além disso, a pasta disponibilizou verba extra no valor de R$ 151 milhões para estados e municípios estimularem as ações de vacinação.

No entanto, os números alarmantes de casos graves de Covid e até mortes em crianças mostram que ainda há muito trabalho a ser feito para conscientizar a população sobre a importância da vacinação infantil. A polarização política e a disseminação de desinformação foram fatores que contribuíram para essa baixa adesão e precisam ser combatidos para garantir a saúde e bem-estar das crianças brasileiras.

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