Reforma educacional no México gera polêmica e ameaças de morte devido à presença da teoria de Paulo Freire em livros didáticos.

A disputa política em torno dos livros didáticos no México atingiu seu auge nas últimas semanas, gerando tensões e debates acalorados em todo o país. O presidente Andrés Manuel Lopez Obrador, conhecido como AMLO, anunciou em agosto de 2021 que faria uma revisão dos conteúdos educativos mexicanos para eliminar abordagens consideradas “neoliberais” e promover uma educação mais social, humanística e científica.

No entanto, as medidas propostas pelo governo levaram a uma série de críticas e protestos por parte da oposição e de entidades conservadoras da sociedade civil. O principal ponto de conflito é a suposta carga ideológica dos novos livros didáticos, que teriam sido elaborados com influência da teoria da revolução de Paulo Freire, pedagogo brasileiro conhecido por sua obra “Pedagogia do Oprimido”.

Os críticos argumentam que os livros contêm erros factuais e reduzem conteúdos importantes, como matemática e literatura. Além disso, acusam o governo de promover doutrinação ideológica e panfletarismo comunista por meio do material didático.

Enquanto o governo defende as mudanças como uma forma de promover uma educação mais inclusiva e centrada no bem-estar da comunidade, os opositores afirmam que se trata de uma tentativa de impor uma visão ideológica específica e de controlar o pensamento dos estudantes.

A controvérsia em torno dos livros didáticos se intensificou ainda mais com a entrada de Paulo Freire em cena. O educador é considerado uma figura central na guerra cultural entre a esquerda e a direita no Brasil, e sua inclusão nos materiais educativos mexicanos gerou indignação por parte dos conservadores.

A oposição e entidades conservadoras da sociedade civil pedem que os pais descartem os livros didáticos ou, pelo menos, arranquem as páginas consideradas problemáticas. Além disso, governadores oposicionistas de alguns estados mexicanos afirmaram que barrariam a distribuição dos materiais por conta própria.

Diante das críticas, o diretor-geral de Materiais Educativos da Secretaria de Educação Pública, Marx Arriaga Navarro, defendeu os livros e negou a carga ideológica atribuída a eles. Segundo Navarro, os conteúdos foram desenvolvidos com base em consultas públicas e têm como objetivo promover a formação de uma cidadania mexicana comprometida com o bem-estar coletivo.

Enquanto isso, a polêmica em torno dos livros didáticos continua a dividir opiniões no México. Enquanto alguns veem os materiais como uma oportunidade de promover uma educação mais inclusiva e crítica, outros os consideram uma ameaça à liberdade de pensamento e uma tentativa de impor uma ideologia específica.

Resta acompanhar os desdobramentos desse embate e ver como ele afetará a educação no México nos próximos anos.

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