“A nossa literatura não é só uma literatura do prazer, é uma literatura que incomoda, que tira fora do lugar, que perturba e faz pensar. Não fazemos elogio à ‘casa grande’. Pelo contrário, a gente denuncia a prepotência da ‘casa grande’, essa colonização moderna que ainda existe na medida em que grupos sociais herdeiros da casa grande ainda pretendem manter mulheres negras numa situação de subalternidade”, afirmou Conceição.
Ela também ressaltou que o Brasil é um país extremamente racista. Para a escritora, cada vez que a sociedade nega espaço aos negros, ela se torna mais deficiente. Segundo ela, somente pessoas alienadas ou cínicas não percebem o racismo brasileiro.
Conceição Evaristo é conhecida por suas obras que abordam questões como discriminação racial, de gênero e de classe. Seus livros têm sido importantes para dar visibilidade às experiências e vivências da população negra no Brasil. Entre suas publicações está o livro “Olhos D’água”, vencedor do Prêmio Jabuti em 2015.
A 40ª edição da Bienal do Livro do Rio de Janeiro vem destacando a produção literária de escritoras negras. A feira literária, que acontece no Rio Centro, zona oeste da cidade, espera receber mais de 100 mil estudantes da rede pública. Esses alunos estão recebendo vouchers para a aquisição de livros. Além disso, a Secretaria Municipal de Educação do Rio anunciou um subsídio de R$ 13,5 milhões para a compra de livros pelos profissionais de escolas municipais.
O programa Visitação Escolar da Bienal tem como objetivo aproximar crianças e jovens do universo literário, estimulando a criatividade, a capacidade de sonhar e a consciência crítica. Metade das mais de 100 mil vagas disponíveis para a rede pública nesta edição da Bienal está reservada para alunos da rede municipal do Rio e estudantes de escolas públicas municipais de outras cidades. A iniciativa é exclusiva para estudantes e seus acompanhantes das unidades de ensino.
A participação de Conceição Evaristo na 40ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro proporcionou uma reflexão sobre a importância da literatura negra e sua capacidade de incomodar e fazer pensar. Suas palavras serviram como uma denúncia do racismo ainda presente na sociedade brasileira e reforçaram a necessidade de dar voz e visibilidade às experiências das mulheres negras. A Bienal, por sua vez, está cumprindo seu papel ao trazer a produção literária dessas escritoras e oferecer oportunidades de acesso à leitura para estudantes da rede pública.