Operação policial em Salvador resulta em 10 mortos, 8 presos e 17 reféns libertados após negociação.

A operação da Polícia Militar iniciada nesta segunda-feira (4) nos bairros do Calabar e Alto das Pombas, em Salvador, teve um saldo de oito presos, dez mortos e 17 pessoas mantidas em cárcere privado sob ameaça de bandidos, mas que foram soltas após negociação com os policiais. Os confrontos continuam nesta terça-feira (5), deixando escolas fechadas, comércio paralisado e moradores fugindo de suas casas em busca de segurança.

Tudo começou no fim de semana, quando membros do Comando Vermelho invadiram os bairros com armas de fogo para expulsar os criminosos da facção local BDM e tomar o controle do tráfico de drogas na região. O conflito tem afetado comunidades com cerca de 10 mil moradores, localizadas próximo a bairros de classe alta como Barra, Ondina e Graça. Na segunda-feira, houve tiroteios nas proximidades do cemitério Campo Santo, um dos maiores da cidade, que fica em uma das entradas do Alto das Pombas.

A operação mobilizou cerca de 60 policiais e resultou em trocas de tiros com os criminosos em pelo menos seis ocasiões, sendo cinco na segunda-feira e uma na manhã desta terça. Ao todo, dez suspeitos foram mortos durante os confrontos, sendo três deles na manhã de terça-feira. Além disso, foram apreendidas 14 armas de fogo, incluindo seis fuzis e oito pistolas, além de granadas, drogas e munição. Com essas apreensões, o número de fuzis apreendidos pela polícia na Bahia em 2023 chega a 44, o dobro do registrado no ano passado.

Durante a ação, 17 moradores foram feitos reféns pelos bandidos em três imóveis. Todos foram libertados sem ferimentos após negociações conduzidas pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Os casos de cárcere privado ocorreram pela manhã, quando três homens invadiram dois imóveis no Alto das Pombas. Um deles manteve cinco pessoas reféns, enquanto os outros dois mantiveram dois moradores em cativeiro em uma casa vizinha. No final da tarde, bandidos mantiveram em cárcere privado dez pessoas de uma mesma família, incluindo crianças e idosos.

Em entrevista, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, classificou a ação da polícia como uma resposta aos grupos criminosos que tentam demonstrar poder e desafiar as forças de segurança, causando temor na população das periferias. Ele ainda destacou a possibilidade de uma intervenção federal na segurança pública do estado. O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho, informou que as ações de policiamento ostensivo nos bairros devem continuar nos próximos dias e que ainda não há previsão de encerramento.

A Bahia enfrenta um dos momentos mais graves em relação à segurança, com o acirramento da guerra entre facções, chacinas e escalada da letalidade policial, especialmente nas periferias. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam a Bahia como o estado com o maior número absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019. Em 2022, houve uma redução de 5,9% no número de ocorrências, chegando a 6.659 assassinatos no ano. A situação exige uma ação efetiva do poder público para garantir a segurança e proteger a população.

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