Desenvolvimento de película enriquecida com extrato de abricó amplia vida útil e conservação de alimentos minimamente processados

Pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), em parceria com o Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), desenvolveram uma película comestível contendo extrato de abricó, que foi capaz de estender a vida útil de maçãs e mandioquinhas minimamente processadas de três para 15 dias. Além disso, a utilização desse produto também aumentou a quantidade de compostos fenólicos nos alimentos, substâncias com efeitos antioxidantes e antimicrobianos.

A película foi feita a partir de uma combinação de pectina, um carboidrato solúvel presente na parede celular de vegetais, e glicerina, um plastificante comestível que confere flexibilidade ao material. O extrato da polpa de abricó, rico em compostos fenólicos como quercetina, miricetina e kaempferol, também foi incorporado à película.

Além de prolongar a durabilidade dos alimentos, evitando o desperdício, a película torna os vegetais mais saudáveis para o consumidor devido à alta carga de compostos fenólicos. Esses compostos têm sido estudados há muito tempo pela ciência de alimentos e já mostraram ser importantes para aumentar a longevidade e reduzir os riscos de doenças crônicas. Além disso, a película tem o potencial de substituir conservantes artificiais.

Os resultados do estudo foram publicados na revista BioMed Research International. Testes realizados em ambiente controlado demonstraram que os compostos fenólicos presentes na película têm propriedades antimicrobianas, sendo capazes de reduzir a população de bactérias patogênicas como o Staphylococcus aureus e a Escherichia coli em aproximadamente 90%.

Análises realizadas em dois grupos de alimentos, um com a película contendo compostos fenólicos e outro sem, também mostraram redução de microrganismos, embora em menor escala. Isso é especialmente relevante para alimentos minimamente processados, que têm uma vida útil mais curta devido à oxidação das enzimas das células rompidas durante o processamento.

A próxima etapa do estudo será realizar avaliações sensoriais para verificar se os consumidores conseguem perceber diferenças no sabor e na coloração das frutas cortadas com e sem a película. No entanto, os pesquisadores acreditam que a película não causará alterações significativas no sabor, pois trata-se de um material extremamente fino. Estudos anteriores com filmes comestíveis feitos de amido também não identificaram mudanças significativas. Além disso, foi utilizada uma quantidade pequena de extratos da polpa da fruta, o que impede mudanças drásticas na coloração dos alimentos.

Portanto, essa película comestível contendo extrato de abricó tem o potencial de prolongar a vida útil de alimentos minimamente processados, reduzir o desperdício e fornecer compostos fenólicos benéficos para a saúde dos consumidores.

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