A continuidade do processo de incorporação de prêmios de risco na curva tem aumentado a incerteza sobre a capacidade do governo em cumprir a meta estabelecida no arcabouço fiscal e zerar o déficit primário no próximo ano. Essa situação tem pressionado a curva de juros, especialmente na ponta longa, e também influenciou uma revisão na trajetória da taxa Selic para os DIs mais curtos.
“A percepção de maior risco fiscal tem sido incorporada aos preços dos ativos, pois o governo tem enfrentado dificuldades em ajustar as receitas e despesas para entregar um déficit primário nulo em 2024 ou, pelo menos, indicar uma trajetória mais favorável para as contas públicas”, destacou Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Pine.
Gustavo Cruz, economista-chefe da RB Investimentos, também destaca que a combinação desses fatores tem pressionado os DIs, devido ao ceticismo do mercado em relação à produção de superávits primários recorrentes pelo governo. Além disso, informações de que alguns ministros têm pressionado por um déficit primário maior no próximo ano também são fonte de preocupação.
Nesta sexta-feira, os investidores estarão de olho na agenda de dados, especialmente no payroll americano, que pode mostrar uma criação de empregos menor. Caso isso ocorra, a expectativa por uma pausa no ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed) pode aumentar, o que impactaria positivamente na curva brasileira.
Em resumo, as expectativas negativas em relação à situação fiscal do Brasil continuaram pressionando os juros futuros. O mercado está preocupado com a capacidade do governo em cumprir a meta fiscal e produzir superávits primários recorrentes. A divulgação do PLOA de 2024 e a incerteza política têm contribuído para a alta nas taxas dos DIs. Os investidores também estão de olho nos dados econômicos, como o payroll americano, que podem influenciar as expectativas em relação ao ciclo de aperto monetário do Fed.