“A gente se sentia desconfortável com essa pressão, mas nunca paramos para pensar se realmente queríamos ter filhos. Foi quando percebi que essa vontade não existia em mim e comecei a conversar com o Mateus sobre isso. Com o tempo, fomos amadurecendo a ideia de não ter filhos até tomarmos essa decisão”, recorda Patrícia.
Na época em que tomaram a decisão, há mais de 7 anos, Patrícia tinha uma loja para gestantes e lactantes e estava constantemente cercada por mães e futuras mães. A escolha de não ter um bebê foi acompanhada de alguns julgamentos, mas as famílias e amigos do casal eventualmente entenderam e pararam de cobrar uma criança. No entanto, Patrícia já ouviu opiniões de que ela é egoísta por não querer ter filhos, mas ela não se importa com esses comentários.
Ao invés de ter filhos, o casal decidiu adotar animais de estimação para trazer alegria para suas vidas. Armandinho chegou há 9 anos e dois anos depois, Nina foi adicionada à família. Patrícia afirma que não é uma substituição, mas sim uma escolha. Ela trata seus animais de estimação como filhos, cuidando deles e assumindo a responsabilidade por suas vidas.
Armandinho e Nina estão sempre presentes na vida do casal. Eles os acompanham em viagens, saídas para restaurantes e até mesmo nas compras do dia a dia. O casal frequenta lugares que são pet friendly, ou seja, estabelecimentos nos quais animais de estimação são bem-vindos.
Patrícia relata que eles não conseguem mais viajar sozinhos, pois não conseguem deixar seus animais de estimação para trás. Para eles, viajar em família é natural e eles consideram seus animais de estimação membros da família.
Além de viajar com a família, os animais de estimação também são mimados em casa. Eles têm liberdade para circular pela casa e podem dormir na cama do casal ou em suas próprias caminhas. Patrícia também menciona que eles têm roupas para todas as estações e comemoram seus aniversários com festas e presentes.
Situação semelhante é vivida pela empreendedora Carolina de Arruda Botelho Mattar, de 37 anos, e seu marido, Eduardo. Eles também decidiram não ter filhos e optaram por ter animais de estimação em vez disso. Carolina afirma que a decisão de não ter filhos foi tomada no início do relacionamento e ela percebeu que não é necessário ter filhos para ser feliz.
A família de Carolina tem dois cachorros, Cacau e Dindin, que são tratados como filhos pelo casal. Eles dormem na cama da família, têm aniversários comemorados com festinhas e são mimados.
O Brasil é o terceiro país do mundo em população de animais de estimação, com 85,2 milhões de cães e gatos. Segundo uma pesquisa, 21% dos lares com cachorros como único animal de estimação são de casais sem filhos. Esses números mostram que muitas pessoas estão optando por ter animais de estimação em vez de ter filhos.
O sociólogo e psicanalista Wlaumir Souza afirma que esse fenômeno é resultado da transformação do modelo familiar e da dedicada carreira profissional das mulheres. Ter filhos demanda tempo e esforço, o que pode impactar negativamente a carreira das mulheres. Além disso, a insegurança econômica e o medo de criar um filho em um mundo incerto também são fatores que influenciam muitos casais a optarem por animais de estimação ao invés de filhos.
Do ponto de vista psicológico, os animais são fiéis e não questionam, o que facilita a convivência com eles. Para muitas pessoas, ter um animal de estimação é mais fácil do que ter um filho, pois não há incerteza sobre o destino e liberdade dos animais.
Em resumo, cada vez mais casais estão optando por ter animais de estimação em vez de ter filhos. Essa escolha é resultado de diversos fatores, incluindo a pressão da sociedade, a responsabilidade de criar uma criança e a transformação do modelo familiar. Os animais de estimação são tratados como filhos pelos donos e são incluídos em todos os momentos da vida familiar. Além disso, o Brasil é o terceiro país do mundo em população de animais de estimação, o que mostra a preferência das pessoas por terem animais de estimação em suas vidas.