De acordo com o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir) de Juazeiro, o incidente ocorreu em uma estrada entre os povoados de Lagoa do Salitre e Rodeadouro. Testemunhas afirmaram que o jovem estava em uma moto com outras pessoas da comunidade quando foi alvejado pelas costas pela Polícia Militar, vindo a óbito instantaneamente. Outro fator que causa indignação é o fato do corpo de José William ter desaparecido por cerca de uma hora, sem nenhum esclarecimento para os moradores. Somente depois desse período é que o corpo foi encontrado no Hospital Regional da cidade.
Diante dessa grave situação, lideranças do quilombo Alagadiço, juntamente com representantes do Compir, se reuniram virtualmente com autoridades do governo do estado, como a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Angela Guimarães, o secretário dos Direitos Humanos, Felipe Freitas, o subsecretário da SSP (Secretaria de Segurança Pública), Marcel Oliveira, e o corregedor-geral da pasta, Sérgio Mendes. Durante a reunião, foram feitas várias reivindicações, incluindo proteção às testemunhas intimidadas pela polícia, suporte à família da vítima e celeridade nas investigações por parte da Polícia Civil.
A comunidade do Alagadiço está vivendo momentos de tensão, já que moradores relataram a presença de homens desconhecidos em um carro preto, perguntando pelos nomes das lideranças quilombolas. Essa situação de ameaça só aumenta a preocupação e o medo da comunidade, que exige ações concretas das autoridades para garantir sua segurança.
Em resposta às cobranças, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que a investigação está sendo acompanhada pela corregedoria-geral da pasta e que a Polícia Civil já iniciou as apurações do caso. Além disso, as armas envolvidas no ocorrido passarão por perícia.
Este recente episódio de violência contra a comunidade quilombola Alagadiço despertou a indignação de entidades como a Educafro, que divulgou uma carta aberta ao Governo Lula e ao PT nacional, pedindo um posicionamento e providências em relação aos sucessivos casos de violência sofridos por quilombolas na Bahia. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado da Bahia lidera o ranking de mortes violentas desde 2019.
Diante desse triste cenário, o Compir se reuniu com o Ministério Público para buscar respostas e soluções. A questão da impunidade nos casos de violência policial também foi abordada na carta da Educafro, ressaltando a necessidade de justiça e igualdade perante a lei.
Enquanto aguardamos os desdobramentos dessa triste história, é crucial que a sociedade e as autoridades estejam atentas e empenhadas em garantir a segurança e a proteção das comunidades quilombolas, levando em consideração a importância de suas histórias e contribuições para a cultura e a identidade do nosso país.