O evento foi marcado por fortes discursos contra a violência e cânticos em iorubá, elemento fundamental das culturas afro-brasileiras. A professora universitária Clara Sanches foi tomada pela emoção e não conteve suas lágrimas. “Não sei o que dizer. É uma vida muito triste para o povo preto do Brasil. Para que tanto sangue derramado?”, questionou ela, emocionada. Regina Lúcia, do Movimento Negro Unificado, também expressou sua indignação, dizendo: “O Estado brasileiro não tem o direito de nos matar como se fôssemos baratas. O povo negro deve viver.”
Os organizadores do protesto apresentaram uma lista com 11 exigências, que foram lidas e distribuídas aos manifestantes. Entre as reivindicações, está a necessidade de tornar obrigatória a presença de câmeras corporais em uniformes de agentes de segurança pública e privada em todo o país. Além disso, pedem o fim das operações policiais com caráter de vingança e a federalização de casos de assassinatos, execuções e chacinas resultantes de incursões policiais.
O movimento também solicita um plano nacional de reparação para vítimas do Estado e seus familiares, além do fortalecimento dos mecanismos de prevenção e punição à tortura. Outras demandas incluem a construção de uma política de drogas baseada em evidências científicas e a garantia dos direitos humanos e individuais, bem como o reconhecimento dos terreiros como espaços sagrados e a titulação dos territórios quilombolas no Brasil.
Diante dos recentes casos de violência policial e do assassinato da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, na Bahia, os manifestantes são unânimes em seu pedido: “Parem de nos matar!” Eles exigem justiça, igualdade e o direito de viver em paz, sem medo da violência por parte das autoridades. O movimento continua a ganhar força e mobilizações semelhantes estão sendo organizadas em todo o país, mostrando que a luta contra o racismo e a violência policial está longe de terminar.