Movimento negro em SP defende exigência de câmeras corporais para coibir abuso policial em ato público.

Centenas de manifestantes se reuniram em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), na icônica Avenida Paulista, na noite de quinta-feira (24), clamando por um fim da violência policial e justiça para as vítimas. O protesto, que faz parte de uma série de manifestações ocorrendo em várias cidades do Brasil, foi liderado por membros de religiões de matriz africana.

O evento foi marcado por fortes discursos contra a violência e cânticos em iorubá, elemento fundamental das culturas afro-brasileiras. A professora universitária Clara Sanches foi tomada pela emoção e não conteve suas lágrimas. “Não sei o que dizer. É uma vida muito triste para o povo preto do Brasil. Para que tanto sangue derramado?”, questionou ela, emocionada. Regina Lúcia, do Movimento Negro Unificado, também expressou sua indignação, dizendo: “O Estado brasileiro não tem o direito de nos matar como se fôssemos baratas. O povo negro deve viver.”

Os organizadores do protesto apresentaram uma lista com 11 exigências, que foram lidas e distribuídas aos manifestantes. Entre as reivindicações, está a necessidade de tornar obrigatória a presença de câmeras corporais em uniformes de agentes de segurança pública e privada em todo o país. Além disso, pedem o fim das operações policiais com caráter de vingança e a federalização de casos de assassinatos, execuções e chacinas resultantes de incursões policiais.

O movimento também solicita um plano nacional de reparação para vítimas do Estado e seus familiares, além do fortalecimento dos mecanismos de prevenção e punição à tortura. Outras demandas incluem a construção de uma política de drogas baseada em evidências científicas e a garantia dos direitos humanos e individuais, bem como o reconhecimento dos terreiros como espaços sagrados e a titulação dos territórios quilombolas no Brasil.

Diante dos recentes casos de violência policial e do assassinato da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, na Bahia, os manifestantes são unânimes em seu pedido: “Parem de nos matar!” Eles exigem justiça, igualdade e o direito de viver em paz, sem medo da violência por parte das autoridades. O movimento continua a ganhar força e mobilizações semelhantes estão sendo organizadas em todo o país, mostrando que a luta contra o racismo e a violência policial está longe de terminar.

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