Este estudo, que contou com a participação de cem educadores e duzentos estudantes de cada país – Brasil, Índia, Japão, Reino Unido e Estados Unidos – buscou avaliar a percepção desses professores e estudantes em relação ao uso do ChatGPT.
Os resultados obtidos no Brasil não são surpreendentes. Os pesquisadores observaram que tanto educadores quanto estudantes concordam que o uso do ChatGPT nas escolas deve ser reconhecido e que pode contribuir para aumentar a competitividade dos alunos que não são fluentes em inglês.
Quando questionados sobre o futuro, os estudantes brasileiros acreditam que poderão terceirizar tarefas simples para o ChatGPT, permitindo que eles se concentrem em partes mais criativas e substanciais de seus trabalhos. De acordo com a pesquisa, 94% dos estudantes brasileiros entrevistados afirmaram que pretendem utilizar o robô em seus trabalhos no próximo semestre.
Para compreender melhor os padrões de uso do ChatGPT, os pesquisadores realizaram uma regressão estatística e descobriram que estudantes brasileiros e indianos são significativamente mais propensos a utilizar a ferramenta do que os estudantes dos Estados Unidos, enquanto os estudantes japoneses são menos propensos a utilizá-la.
A pesquisa também revelou que estudantes de origem mais pobre e de classe trabalhadora são mais propensos a usar o ChatGPT do que aqueles de classes mais altas.
Apesar do consenso em relação ao reconhecimento do uso do ChatGPT, as opiniões variam no que diz respeito à questão ética do uso da ferramenta em trabalhos escolares. Enquanto estudantes dos Estados Unidos e da Índia consideram esse uso como errado e são favoráveis à proibição, no Brasil a opinião é oposta.
A pesquisa também comparou o desempenho do ChatGPT com o dos estudantes em diferentes cursos universitários. Em nove dos trinta e dois cursos avaliados, o chatbot teve resultados comparáveis e até superiores aos dos alunos. No entanto, em disciplinas como matemática e questões com “pegadinhas”, o desempenho do ChatGPT foi inferior ao dos estudantes.
A conclusão dos pesquisadores é que, por enquanto, os humanos ainda têm um desempenho melhor que o ChatGPT nessas áreas. No entanto, o robô não ficou muito atrás em questões que exigem conhecimento avançado e processamento cognitivo.
A pesquisa também levantou a questão da detecção de respostas dadas por modelos de linguagem e por humanos. Foi constatado que ferramentas de inteligência artificial, como o GPTZero35 e um programa desenvolvido pela OpenAI, não foram capazes de identificar corretamente todas as respostas humanas e do ChatGPT, cometendo erros de classificação.
Em resumo, os estudantes brasileiros veem o uso do ChatGPT como ético e necessário para facilitar suas tarefas de estudo. Eles acreditam que a inteligência artificial pode ser uma aliada no processo educacional, embora haja diferentes opiniões sobre a ética do seu uso em trabalhos escolares. A pesquisa também destaca a importância de se continuar avaliando e aprimorando as ferramentas de inteligência artificial para garantir sua eficácia e confiabilidade.