Essas metas fazem parte do Plano Estratégico de Segurança, formulado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), em conjunto com as Polícias Militar e Civil. O objetivo dessas metas é servir como guia para a definição das políticas públicas de segurança adotadas pelo estado. No entanto, desde o segundo semestre de 2022, o governo não tem conseguido atingir esses objetivos.
Procurado pela Folha, o governo do Rio não respondeu aos questionamentos sobre a questão. As polícias Militar e Civil afirmaram, em nota, que atuam com base em informações de inteligência e planejamento. A Polícia Militar ainda destacou que estão sendo feitos alinhamentos para reajustar os resultados nos próximos meses e ressaltou a complexidade enfrentada pela instituição.
No primeiro semestre deste ano, o número de casos de letalidade violenta no estado foi de 2.359, um aumento de 8,5% em relação ao mesmo período de 2022. Esse indicador inclui homicídio doloso, lesão seguida de morte, latrocínio e morte pela polícia. A meta estabelecida era de 2.153 casos.
Cláudio Castro apostou no aumento das operações policiais como medida de combate à violência. Até junho deste ano, foram realizadas pelo menos 1.060 incursões na região metropolitana do Rio, mais que o dobro do número registrado no primeiro semestre do ano passado. No entanto, essa estratégia não impediu o aumento da violência no estado.
O investimento na área de segurança pública é o segundo maior do governo do estado, representando 16,3% do orçamento, o equivalente a R$ 15,8 bilhões. Apesar disso, além do aumento da letalidade violenta, os números de roubo de veículos e roubo de carga também não cumpriram as metas estabelecidas para este ano.
Especialistas apontam que as medidas adotadas pelo governo não estão sendo eficazes para a redução da violência. O sociólogo Daniel Hirata, coordenador do Geni/UFF, questiona os parâmetros adotados pelo estado para monitorar a criminalidade, apontando a falta de transparência na definição das metas. Fransérgio Goulart, coordenador-executivo da IDMJR, destaca a subnotificação nos indicadores, bem como a ênfase dada aos crimes contra o patrimônio em detrimento dos crimes contra a vida.
Com relação à letalidade violenta, por exemplo, o ISP não considera o alto número de desaparecidos no estado. Esse dado tem aumentado nos últimos anos e, somente em 2023, já são 2.900 casos. Além disso, 70,4% das vítimas da letalidade violenta são negros, a maioria homens. A faixa etária mais atingida é de 18 a 29 anos.
Dentro do sistema de metas, o governo do Rio também estabelece gratificações para os agentes de segurança que conseguem diminuir a violência. Recentemente, Cláudio Castro anunciou uma bonificação de R$ 5.000 para cada fuzil apreendido. Especialistas criticam essa medida e alertam para possíveis consequências negativas, como o aumento da letalidade.
Diante desses dados, fica evidente que as medidas adotadas pelo governo do estado não estão sendo eficazes na redução da violência. As metas não foram alcançadas e a população continua sendo impactada pelos altos índices de criminalidade. É necessário rever as estratégias de segurança e investir em políticas públicas mais efetivas para a proteção da sociedade.