Lídia Aratangy, amiga de longa data de Maria Cecília, recorda que ela era uma professora excelente, séria e exigente, mas ao mesmo tempo doce e respeitada profissionalmente por todos. Sua atuação também foi marcada pela aplicação pioneira da teoria de Melanie Klein na psicanálise infantil e pela estimulação precoce em crianças com síndrome de Down. Esse método de atendimento clínico contribui para o desenvolvimento cognitivo dessas crianças. Como diretora da clínica-escola da PUC, Maria Cecília implementou um projeto voltado para o atendimento de crianças, adolescentes e adultos com deficiência intelectual.
A paixão de Maria Cecília pelo tema teve início quando ela teve seu primeiro filho, em 1974. Seu desejo de oferecer o melhor para a criança, que nasceu com síndrome de Down, a motivou a se dedicar a um campo de estudo ainda incipiente no Brasil. Seu filho mais novo, Beto Faria, afirma que ela buscou estudos e pesquisas sobre o assunto em escolas estrangeiras.
Mesmo após se aposentar da PUC aos 80 anos por conta de uma redução de funcionários, Maria Cecília continuou ativa no meio acadêmico, participando de bancas de mestrado e doutorado em universidades renomadas como USP e Unesp. Ela também manteve uma clínica própria e atendeu pacientes até os últimos anos de vida. Sua dedicação ao trabalho não impediu que ela mantivesse uma relação próxima com sua irmã e seus sobrinhos, sendo sempre uma figura presente e acolhedora.
Infelizmente, Maria Cecília faleceu aos 87 anos no dia 13 de agosto devido a complicações decorrentes de esclerose múltipla. Ela ficou internada por pouco mais de um mês, recebendo cuidados paliativos de acordo com sua vontade e comunicação prévia aos médicos e familiares. Maria Cecília deixa dois filhos, sua irmã e sobrinhos.
A trajetória profissional e pessoal de Maria Cecília Corrêa de Faria é um exemplo de comprometimento e amor pelo trabalho. Sua atuação como psicóloga e professora será sempre lembrada e seu legado continuará a inspirar futuras gerações.