As informações sobre as movimentações financeiras foram obtidas através de um relatório de inteligência financeira (RIF) produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e enviado para a CPMI. Embora parte do conteúdo do relatório seja sigiloso, trechos já foram divulgados pela imprensa.
Luis Marcos dos Reis foi convocado a pedido dos parlamentares e será ouvido na condição de testemunha. As investigações sobre sua ligação com os atos do dia 8 de janeiro são o principal foco dos questionamentos. Segundo o senador Fabiano Contarato, as investigações policiais indicaram a premeditação e a participação dos servidores na tentativa de golpe de estado. O senador afirma que mensagens trocadas entre o coronel Mauro Cid e o sargento Luis Marcos dos Reis comprovam a intenção golpista.
Outra parlamentar, a deputada Jandira Feghali, destacou que a Polícia Federal encontrou no celular do sargento fotos e vídeos feitos durante a invasão das sedes dos três poderes. Ela critica a postura do militar ao filmar a si próprio em cima da cúpula do Congresso Nacional.
Vale ressaltar que o sargento Luis Marcos dos Reis já havia sido preso em maio durante as investigações de um esquema de falsificação do cartão de vacinação de Jair Bolsonaro.
A reunião da CPMI ocorrerá no Senado Federal, no plenário 2 da ala Nilo Coelho, às 9 horas.
Além disso, ao longo dos últimos meses, a CPMI já ouviu diversos depoimentos, incluindo o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, que afirmou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) havia alertado sobre os riscos de ataques, mas o órgão de inteligência do DOP não teve acesso a esses alertas.
A comissão também ouviu o empresário George Washington Sousa, acusado de colocar uma bomba em um caminhão próximo ao aeroporto de Brasília em dezembro do ano passado, o diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro, e peritos da Polícia Civil do DF que examinaram o local da bomba.
Outros depoentes incluem o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, que negou qualquer atuação política para favorecer Bolsonaro durante as blitze nas rodovias federais no dia do segundo turno das eleições, e o coronel Jean Lawand Júnior, que explicou as mensagens trocadas com Mauro Cid, alegando que apenas tentava acalmar os ânimos dos descontentes com o resultado das eleições.
No último depoimento, o hacker Walter Delgatti Neto afirmou que Bolsonaro lhe prometeu indulto caso fosse preso por invadir urnas eletrônicas e assumir um suposto grampo do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A relatora da CPMI classificou o depoimento como “bombástico”, porém Delgatti permaneceu em silêncio ao ser interrogado pela oposição.
Desde a invasão e depredação das sedes dos Três Poderos por apoiadores de Bolsonaro uma semana após a posse do presidente Lula, a CPMI tem buscado esclarecer os fatos ocorridos no dia 8 de janeiro. O colegiado é composto por 16 senadores e 16 deputados e tem como objetivo investigar os atos de ação e omissão ocorridos durante este episódio.