Militar que transferiu dinheiro a Mauro Cid é interrogado na CPMI de 8 de janeiro.

Nesta quinta-feira (24), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro ouve o depoimento de Luis Marcos dos Reis, sargento do Exército que fazia parte da equipe da Ajudância de Ordens do então presidente Jair Bolsonaro. Reis está sendo alvo de investigações devido à suspeita de movimentações financeiras atípicas em favor do coronel Mauro Cesar Cid, também ajudante de ordens de Bolsonaro.

As informações sobre as movimentações financeiras foram obtidas através de um relatório de inteligência financeira (RIF) produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e enviado para a CPMI. Embora parte do conteúdo do relatório seja sigiloso, trechos já foram divulgados pela imprensa.

Luis Marcos dos Reis foi convocado a pedido dos parlamentares e será ouvido na condição de testemunha. As investigações sobre sua ligação com os atos do dia 8 de janeiro são o principal foco dos questionamentos. Segundo o senador Fabiano Contarato, as investigações policiais indicaram a premeditação e a participação dos servidores na tentativa de golpe de estado. O senador afirma que mensagens trocadas entre o coronel Mauro Cid e o sargento Luis Marcos dos Reis comprovam a intenção golpista.

Outra parlamentar, a deputada Jandira Feghali, destacou que a Polícia Federal encontrou no celular do sargento fotos e vídeos feitos durante a invasão das sedes dos três poderes. Ela critica a postura do militar ao filmar a si próprio em cima da cúpula do Congresso Nacional.

Vale ressaltar que o sargento Luis Marcos dos Reis já havia sido preso em maio durante as investigações de um esquema de falsificação do cartão de vacinação de Jair Bolsonaro.

A reunião da CPMI ocorrerá no Senado Federal, no plenário 2 da ala Nilo Coelho, às 9 horas.

Além disso, ao longo dos últimos meses, a CPMI já ouviu diversos depoimentos, incluindo o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, que afirmou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) havia alertado sobre os riscos de ataques, mas o órgão de inteligência do DOP não teve acesso a esses alertas.

A comissão também ouviu o empresário George Washington Sousa, acusado de colocar uma bomba em um caminhão próximo ao aeroporto de Brasília em dezembro do ano passado, o diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro, e peritos da Polícia Civil do DF que examinaram o local da bomba.

Outros depoentes incluem o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, que negou qualquer atuação política para favorecer Bolsonaro durante as blitze nas rodovias federais no dia do segundo turno das eleições, e o coronel Jean Lawand Júnior, que explicou as mensagens trocadas com Mauro Cid, alegando que apenas tentava acalmar os ânimos dos descontentes com o resultado das eleições.

No último depoimento, o hacker Walter Delgatti Neto afirmou que Bolsonaro lhe prometeu indulto caso fosse preso por invadir urnas eletrônicas e assumir um suposto grampo do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A relatora da CPMI classificou o depoimento como “bombástico”, porém Delgatti permaneceu em silêncio ao ser interrogado pela oposição.

Desde a invasão e depredação das sedes dos Três Poderos por apoiadores de Bolsonaro uma semana após a posse do presidente Lula, a CPMI tem buscado esclarecer os fatos ocorridos no dia 8 de janeiro. O colegiado é composto por 16 senadores e 16 deputados e tem como objetivo investigar os atos de ação e omissão ocorridos durante este episódio.

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