Em 2020, o Havaí entrou com um processo contra petroleiras por riscos de incêndio, buscando responsabilização.

Na última semana, a ilha de Maui, no Havaí, foi vítima de devastadores incêndios florestais, provavelmente relacionados às mudanças climáticas. Essa situação dá ainda mais força ao processo movido pelo condado de Maui em 2020 contra gigantes do petróleo e gás, como Exxon e Chevron, acusando-as de negar e ocultar o conhecimento de que a queima de combustíveis fósseis aqueceria perigosamente o planeta.

Os incêndios em Maui são uma evidência concreta dos efeitos da mudança climática, o que pode fortalecer o caso de Maui no processo. A professora de história da ciência em Harvard, Naomi Oreskes, destaca que a indústria de combustíveis fósseis trabalhou por décadas para minar a compreensão científica das mudanças climáticas e suas consequências nefastas. Esse esforço inclui questionar a ligação entre a mudança climática e seus efeitos prejudiciais específicos, como os incêndios florestais.

As empresas de petróleo e gás, representadas pelo Instituto Americano do Petróleo, afirmam que os incêndios em Maui são uma tragédia, mas ressaltam que a causa ainda está sendo investigada. Elas também afirmam que o processo movido por Maui é parte de uma campanha coordenada para abrir processos sem mérito contra a indústria e é um desperdício de recursos dos contribuintes.

Maui é apenas um dos vários estados e municípios que estão processando a indústria de combustíveis fósseis por danos climáticos. Recentemente, um grupo de jovens em Montana ganhou um processo histórico no qual o juiz decidiu que a falta de consideração das mudanças climáticas ao aprovar projetos de combustíveis fósseis era inconstitucional.

Embora o processo de Maui tenha sido adiado por questões processuais, os incêndios florestais podem desempenhar um papel importante no pedido de indenização do condado. Os cientistas são cada vez mais capazes de atribuir desastres específicos, como incêndios florestais, ao aquecimento global. Nesse caso, eles apontam o declínio da precipitação média, a seca e os ventos fortes como fatores ligados às mudanças climáticas que alimentaram o incêndio em Maui.

As empresas de petróleo e gás, apesar de saberem dos perigos do aquecimento global há décadas, têm trabalhado para minimizar ou negar esse conhecimento. Elas tentaram mover os casos climáticos para a Justiça federal, mas a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que eles deveriam permanecer nas cortes estaduais.

Na audiência do processo movido por Honolulu, as empresas petrolíferas repetiram seus argumentos e solicitaram aos juízes que rejeitassem as reivindicações. No entanto, representantes do condado de Maui afirmam que as corporações multinacionais não estão isentas das leis locais.

No processo movido por Maui, o condado acusa as empresas de petróleo de desacreditar as evidências científicas sobre as mudanças climáticas e ocultar os riscos da queima de combustíveis fósseis. Eles apontam para os anúncios da Exxon no Havaí nos últimos 25 anos, que não mencionavam os riscos climáticos e representavam os produtos da empresa como ecologicamente corretos.

O condado de Maui argumenta que sofreu e continuará sofrendo danos graves devido às mudanças climáticas, incluindo impactos na saúde pública, diminuição da receita tributária do turismo e aumento dos custos de adaptação. Os incêndios florestais na ilha se tornaram mais frequentes, intensos e destrutivos, ocorrendo agora durante todo o ano.

No entanto, vale ressaltar que as empresas de petróleo como a Exxon se recusaram a comentar sobre o processo movido por Maui e seus argumentos. A batalha legal continua e a questão sobre a responsabilidade das empresas de combustíveis fósseis pelos danos climáticos está longe de ser resolvida.

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