Durante os discursos, os manifestantes lembraram da morte trágica do porteiro João da Silva Sousa, de 54 anos. Na última terça-feira (15), João foi atacado enquanto saía do trabalho, no largo General Osório, região conhecida como cracolândia. Acredita-se que ele tenha sido atingido por um usuário de drogas com um objeto perfurante. “Esse ato é para os Joões que saem do trabalho e para as crianças que têm suas mochilas roubadas”, afirmou Charles Souza, da Associação Geral do Centro.
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), propôs a criação de um comitê de crise com representantes do governo, Ministério Público e Judiciário para enfrentar a cracolândia e seus efeitos. Segundo ele, o centro de São Paulo é um local emblemático, porém as pessoas têm medo de frequentá-lo. Patah também mencionou outra manifestação, que ocorreu durante a semana na rua Santa Ifigênia, e ressaltou que pelo menos 20 mil pessoas perderam seus empregos devido ao afastamento dos consumidores do centro.
A maioria dos discursantes defendeu a luta contra o tráfico de drogas e a internação compulsória dos usuários. Saul Nahmias, presidente do Conseg (Conselho de Segurança) do Bom Retiro, afirmou: “É preciso cobrar do Ministério Público e da Defensoria Pública. O centro todo precisa estar unido”. Uma moradora, Maria Inês, de 63 anos, vestindo uma camiseta com a frase “Salve o centro”, não quis revelar seu sobrenome por medo de perseguições. Ela vive há 40 anos nos Campos Elíseos, onde se concentra o fluxo de usuários da cracolândia, e evita caminhar nas proximidades de sua casa. No entanto, ainda mantém esperança de que o problema seja solucionado.
Vanderlei e Júlia Piva, um casal de 43 e 38 anos, respectivamente, pararam em frente ao protesto para ouvir os discursos. Eles estavam voltando de compras na Galeria do Rock e acreditam que o centro precisa de mais policiamento e limpeza. Moradores de Santana, na zona norte de São Paulo, eles esperam que os protestos contribuam para melhorar a situação.
A manifestação destacou a preocupação dos cidadãos com a violência no centro de São Paulo, clamando por medidas efetivas para combater a cracolândia e garantir a segurança e qualidade de vida na região central da cidade.