A defesa de Delgatti alega que o hacker poderia ser prejudicado se fosse obrigado a fornecer informações durante o depoimento. Em seu pedido enviado ao STF, a defesa argumentou que a única intenção da impetração é assegurar o direito ao silêncio absoluto do hacker.
O advogado Ariovaldo Moreira, responsável pela defesa de Delgatti, afirmou que o habeas corpus concedido pelo STF é apenas uma garantia e ainda não decidiu se orientará seu cliente a permanecer em silêncio ou a responder às perguntas dos parlamentares.
No mesmo dia, Delgatti prestou depoimento à Polícia Federal sobre uma invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Durante o depoimento, ele admitiu ter recebido cerca de R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir qualquer sistema do Judiciário.
Delgatti confessou o crime em julho do ano passado, quando foi preso preventivamente na Operação 3FA, e implicou a deputada e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo sua versão, ele foi contratado por Zambelli para invadir as urnas eletrônicas, mas como não foi possível, o ataque foi direcionado ao CNJ em janeiro.
Um fato curioso envolvendo Delgatti foi a emissão de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O próprio documento dizia: “Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes”.
Por sua vez, a deputada Zambelli afirma que contratou o hacker apenas para fazer a manutenção de seu site. Ela seria ouvida pela PF no início deste mês, mas o depoimento foi adiado a pedido de sua defesa.
Delgatti também alegou ter se encontrado pessoalmente com Bolsonaro no Palácio do Alvorada, em agosto de 2022, e que o ex-presidente questionou se ele poderia invadir as urnas eletrônicas.
O depoimento de Walter Delgatti na CPI do 8 de Janeiro é aguardado para esta quinta-feira, 17, e promete trazer novos desdobramentos sobre o caso das invasões aos sistemas do Judiciário e as supostas conexões com políticos e autoridades do país.