Vozes Judaicas clamam por reeducação ética diante da política israelense e reivindicam apoio judaico ao cessar-fogo em Gaza

Sob a ótica crítica e ativista de uma parte do povo judeu, o conflito entre Israel e Palestina tem gerado comoção internacional e tensões entre grupos de judeus que divergem no entendimento do papel de Israel na região. No Brasil, celebridades e membros de organizações judaicas se manifestaram contra a conduta israelense, pedindo ações mais incisivas do governo brasileiro e contestando determinadas ações de Tel Aviv.

O coletivo Vozes Judaicas por Libertação divulgou uma nota em que demanda um cessar-fogo imediato, o fim do apartheid e da ocupação militar nos territórios palestinos ocupados, juntamente com a interrupção dos acordos militares entre Brasil e Israel. Além disso, defende que o governo brasileiro pratique sanções, bloqueios e desinvestimentos em empresas denunciadas como investidoras da estrutura militar de Tel Aviv. Segundo a organização, é urgente reconhecer eticamente o regime de apartheid praticado por Israel e criticar o sionismo, uma política que reforça essa estrutura.

O ator Mateus Solano, que é judeu, usou seu perfil no Instagram para expressar sua opinião controversa. Ele manifestou seu orgulho de fazer parte de um povo sobrevivente, mas se distanciou das ações de Benjamin Netanyahu na guerra que já matou milhares de pessoas em Gaza. Apesar do apoio expresso em suas palavras, Solano foi criticado por compatriotas judeus, que questionaram sua postura e sugeriram que o ator não deveria opinar sobre o assunto.

Outra celebridade que se posicionou contra a conduta israelense foi a atriz Débora Bloch, que, por meio do Instagram, pediu um cessar-fogo na Faixa de Gaza. O pedido de Bloch também gerou críticas por parte de judeus em suas redes sociais. No entanto, a atriz manteve sua posição contra a ofensiva militar israelense.

Nos Estados Unidos, um grupo de ativistas judeus liderados por 25 rabinos protestou no Congresso para pedir um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. A rede Jewish Voice for Peace, que se intitula como a maior organização judaica progressista e antissionista do mundo, reforçou as manifestações de resistência, expressando o orgulho da solidariedade de judeus com os palestinos que exigem um cessar-fogo. Em Nova York, milhares de judeus, incluindo rabinos e celebridades, tomaram a Estação Grand Central para mais um protesto pedindo um cessar-fogo, resultando na detenção de 400 manifestantes.

Apesar das dissidências internas, a já conturbada relação entre as diferentes visões dentro da comunidade judaica se intensificou. A polarização do tema expõe mais uma das muitas expressões dos desafios na promoção da paz e da justiça em um dos conflitos mais longos e sem solução à vista.

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