O diretor-executivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Luis Ventura, alertou que apenas o aumento do contingente da Força Nacional não é suficiente para lidar com a situação. Ele afirmou que um plano de ação mais profundo é necessário. Ventura ainda contradisse a declaração do ministério de que a situação estaria sob controle.
Ventura denunciou a omissão da Força Nacional de Segurança na proteção das aldeias indígenas durante os ataques. Segundo ele, no último sábado, mais de 10 indígenas foram baleados após um ataque perpetrado por fazendeiros. A Força Nacional já havia mostrado desinteresse em proteger as comunidades e os servidores da Funai desde a manhã daquele dia.
O representante do CIMI destacou a falta de planejamento nas ações dos policiais, afirmando que o patrulhamento esporádico não foi eficaz para evitar os ataques. Ele ressaltou a necessidade de priorizar a proteção à vida dos indígenas e suas comunidades, além de cobrar a responsabilidade das forças federais na pacificação dos conflitos.
Diante dos eventos violentos, a deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, apresentou requerimentos de informação ao Ministério da Justiça, que não foram respondidos. Agora, busca uma reunião de emergência com o ministro Ricardo Lewandowski para tratar da crise junto à delegação dos povos Guarani-Kaiowá.
A escalada da violência contra os indígenas nos estados de MS e PR nas últimas semanas parece estar relacionada à primeira audiência de mediação no Supremo Tribunal Federal, agendada para discutir a inconstitucionalidade da lei que estabelece o marco temporal de 1988 para demarcações de terras indígenas. Segundo Ventura, os ruralistas estão enviando uma mensagem violenta em caso de descontentamento com a decisão do STF.
A situação levou o Ministério da Justiça e Segurança Pública a mobilizar a Força Nacional de Segurança na região, com o aumento do efetivo focado na segurança dos indígenas. A força intensificou sua presença na região desde o início de julho e está atuando em apoio ao Ministério dos Povos Indígenas e ao Ministério Público Federal para intermediar os conflitos. Os eventos recentes evidenciam a necessidade de ações efetivas para proteger as comunidades indígenas e garantir a paz na região.