No Reino Unido, a recente vitória trabalhista foi impulsionada principalmente por eleitores com ensino superior, enquanto os de menor escolaridade apoiaram a extrema direita. Esse fenômeno também foi observado na França, onde eleitores de maior renda votaram no bloco de esquerda, enquanto os de menor renda optaram pela extrema direita representada por Marine Le Pen. Nos Estados Unidos, eleitores ricos e educados migraram para os democratas, mantendo a polarização política com os republicanos.
No Brasil, as pesquisas indicam um cenário semelhante, com eleitores de menor renda, escolaridade e orientação religiosa conservadora tendendo a apoiar candidatos de direita, como o prefeito Ricardo Nunes. Enquanto isso, eleitores mais ricos e educados preferem candidatos de esquerda, como Guilherme Boulos. Essas tendências devem se intensificar nas próximas eleições, trazendo consigo uma maior polarização política e fragmentação do eleitorado.
Essa mudança na demografia do voto pode ser atribuída ao fim da Era Industrial e à ascensão da economia baseada no conhecimento. Com o aumento da importância da educação para o sucesso econômico, indivíduos com maior nível educacional tendem a votar de forma mais idealista, enquanto aqueles com menor escolaridade buscam soluções mais imediatas para seus problemas econômicos e sociais, mesmo que vindas de partidos de direita.
Essas mudanças sociais exigem uma reorientação por parte dos partidos políticos, com a necessidade da esquerda se reconectar com a base trabalhadora, abordando suas preocupações econômicas, enquanto a direita capitaliza na insegurança econômica e no desejo de mudanças rápidas. Os partidos precisam adaptar suas estratégias para alcançar diferentes segmentos da população, visando uma maior conexão com os eleitores em meio a esse cenário de transformações na demografia do voto.