De acordo com a pesquisa, o fungo também foi encontrado em outros dois municípios da microrregião do Rio Negro, mas, surpreendentemente, não foram encontradas evidências de pessoas doentes, mesmo em contato com o patógeno. Essa descoberta levanta a questão do porquê o potencial de infecção do Cryptococcus gattii varia significativamente de um local para outro, mesmo sendo o mesmo fungo.
O micologista e farmacêutico Fábio Brito-Santos, responsável pela identificação do fungo na região amazônica, destacou a importância de investigar essa discrepância no potencial de infecção do fungo em diferentes regiões. Ele ressaltou a diversidade de abordagens necessárias para compreender melhor as interações entre o fungo e o ambiente, incluindo aspectos imunológicos, ecológicos e climáticos.
Brito-Santos também enfatizou a importância de se estudar fungos patogênicos, como o Cryptococcus gattii, que muitas vezes são negligenciados no contexto das doenças infecciosas. Sua pesquisa, que é objeto de um pós-doutorado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, visa investigar o potencial desses organismos de causar doenças e compreender melhor as interações entre fungos endêmicos e o impacto da ação humana sobre os ecossistemas.
Diante dos desafios enfrentados ao longo de sua trajetória acadêmica, Brito-Santos ressaltou a importância da persistência e do apoio de seus orixás para superar as dificuldades e contribuir para o avanço da ciência. Com a recente conquista de uma chamada de apoio a pesquisadores negros e indígenas, ele está determinado a continuar sua pesquisa e colaborar para ampliar o conhecimento sobre os fungos patogênicos e suas interações com o meio ambiente.