Sarnold, hoje com 74 anos, lembra com carinho desse período em Estocolmo nos anos 1970, sendo uma das primeiras pessoas a se beneficiar da licença-paternidade remunerada instituída pelo Estado. Na Suécia, os pais têm direito a 480 dias de licença, com remuneração equivalente a 80% do salário nos primeiros 390 dias. Esse modelo generoso de licença-paternidade contribui para um equilíbrio de responsabilidades entre os pais, além de impactar positivamente a igualdade de gênero e o bem-estar da família como um todo.
Apesar disso, a efetiva divisão da licença-paternidade entre os pais na Suécia ainda tem enfrentado desafios. A maioria dos casais heterossexuais não compartilha igualmente os dias de licença subsidiados pelo Estado. No entanto, houve avanços ao longo dos anos e uma mudança de cultura, com maior estigmatização dos homens que não tiram a licença e um aumento gradual da participação dos pais nesse período de cuidado com os filhos.
Os benefícios da licença parental compartilhada na Suécia vão além da esfera familiar, impactando a cultura profissional do país. O modelo sueco contribui para a criação de ambientes de trabalho mais equilibrados, com soluções disponíveis para pais e mães conciliarem suas vidas pessoais e profissionais. Empresas suecas renomadas, como Spotify e Volvo, têm seguido o exemplo do país e implementado sistemas de licença parental similares para seus funcionários em todo o mundo.
Além disso, estudos recentes indicam que os pais e mães beneficiados por esquemas de licença parental generosos apresentam menor risco de depressão e burnout, impactando positivamente a saúde mental e o bem-estar das famílias. Essas políticas também têm influenciado outras áreas, como a redução de comportamentos de risco e das hospitalizações psiquiátricas entre os pais que tiraram licença-paternidade.
No entanto, apesar dos avanços observados na Suécia, ainda persistem desafios em relação à divisão igualitária da licença-paternidade e à eliminação de normas de gênero arraigadas na sociedade. A diferença de salários entre homens e mulheres, assim como a predominância de certos grupos na não utilização da licença parental, são algumas das questões que continuam a ser enfrentadas no país.
Diante desse cenário, a experiência sueca oferece importantes lições para outros países e empresas que buscam incentivar uma divisão mais equitativa da licença-paternidade. A implementação de medidas de incentivo, a mudança de cultura e a necessidade de tempo para alterar normas de gênero são aspectos relevantes que devem ser considerados por aqueles que desejam seguir o exemplo da Suécia.
A licença parental compartilhada na Suécia é, sem dúvida, motivo de orgulho para pais como Martin Roxland e Kjell Sarnold, que puderam desfrutar desse período significativo em suas vidas. Os benefícios vão além do cuidado com os filhos, influenciando a dinâmica familiar, a saúde mental, o equilíbrio de gênero e a cultura profissional, tornando-se um modelo a ser considerado em todo o mundo.