Em entrevista à imprensa, Orozco destacou que, apesar de um crescimento econômico mais forte e consistente ter colaborado para a melhora na nota do país, a S&P não enxerga uma sustentabilidade desse fator no futuro. Ele ressaltou que o crescimento do PIB deste ano é impulsionado pelo consumo interno e que o ambiente de elevação das taxas de juros coloca um limite nesse crescimento.
As declarações do analista acontecem em meio à recente elevação da nota do Brasil pela agência Moody’s, que colocou o país a um passo do chamado grau de investimento, nível que torna os títulos de dívida do país mais seguros para investimento. A agência destacou que havia mantido a mesma classificação desde 2016, mas agora se descolou das demais agências globais de risco.
Orozco enfatizou que a S&P está monitorando de perto a trajetória da dívida pública brasileira e prevê um crescimento acelerado até 2027, apontando para a recente deterioração das contas públicas em 2023. Ele ressaltou a importância do governo concentrar esforços no corte de gastos, especialmente através de desvinculações constitucionais de despesas, considerando o cenário de um ambiente de juros em alta.
O analista demonstrou ceticismo em relação à capacidade do governo de cumprir sua meta de zerar o déficit fiscal no próximo ano, dada a alta carga tributária do Brasil e a limitação de aumentar a arrecadação. Ele destacou a necessidade de observar se os mecanismos do arcabouço fiscal para conter o crescimento de gastos serão eficazes em 2026, conforme estabelecido pelas regras.
Portanto, enquanto a Moody’s eleva a nota do Brasil, a S&P Global mantém uma perspectiva estável, aguardando a evolução da situação econômica e fiscal do país nos próximos anos.