S&P Global alerta que nova melhora na nota de crédito soberano do Brasil depende de estabilização da dívida pública e crescimento econômico consistente

A agência de classificação de risco S&P Global não vê, no momento atual, fundamentos que justifiquem uma nova melhora na nota de crédito soberano do Brasil. Segundo Manuel Orozco, principal analista do país na agência, uma mudança na nota dependerá da capacidade do governo de estabilizar a dívida pública e manter um crescimento econômico consistente nos próximos anos, algo que, segundo a agência, não é vislumbrado no momento.

Em entrevista à imprensa, Orozco destacou que, apesar de um crescimento econômico mais forte e consistente ter colaborado para a melhora na nota do país, a S&P não enxerga uma sustentabilidade desse fator no futuro. Ele ressaltou que o crescimento do PIB deste ano é impulsionado pelo consumo interno e que o ambiente de elevação das taxas de juros coloca um limite nesse crescimento.

As declarações do analista acontecem em meio à recente elevação da nota do Brasil pela agência Moody’s, que colocou o país a um passo do chamado grau de investimento, nível que torna os títulos de dívida do país mais seguros para investimento. A agência destacou que havia mantido a mesma classificação desde 2016, mas agora se descolou das demais agências globais de risco.

Orozco enfatizou que a S&P está monitorando de perto a trajetória da dívida pública brasileira e prevê um crescimento acelerado até 2027, apontando para a recente deterioração das contas públicas em 2023. Ele ressaltou a importância do governo concentrar esforços no corte de gastos, especialmente através de desvinculações constitucionais de despesas, considerando o cenário de um ambiente de juros em alta.

O analista demonstrou ceticismo em relação à capacidade do governo de cumprir sua meta de zerar o déficit fiscal no próximo ano, dada a alta carga tributária do Brasil e a limitação de aumentar a arrecadação. Ele destacou a necessidade de observar se os mecanismos do arcabouço fiscal para conter o crescimento de gastos serão eficazes em 2026, conforme estabelecido pelas regras.

Portanto, enquanto a Moody’s eleva a nota do Brasil, a S&P Global mantém uma perspectiva estável, aguardando a evolução da situação econômica e fiscal do país nos próximos anos.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo