Salvador Allende: O paradoxo do líder socialista que desafiou a ditadura e sua morte misteriosa.

Salvador Allende: uma seleção inédita de discursos reacende a memória do líder chileno

Salvador Allende foi um presidente eleito em 1970 que divergia da esquerda latino-americana da época. Enquanto a maioria dos líderes aderiu à luta armada após o triunfo da guerrilha cubana, Allende buscou conciliar democracia e revolução, socialismo e eleições. O resultado disso foi uma oposição ferrenha da Casa Branca, do empresariado e dos militares chilenos, que culminou em seu derrubamento. Com sua morte, Allende foi esquecido, até mesmo por uma parte da esquerda.

No entanto, Ariel Dorfman, escritor nascido na Argentina e radicado no Chile, mantém viva a memória de Allende. Seu livro mais vendido, “Para Ler o Pato Donald”, escrito em 1971, analisa de maneira perfunctória e hilária os personagens de Walt Disney, vendo neles encarnações ideológicas do puritanismo, agressividade e mercantilismo. Este livro foi censurado nos Estados Unidos, terra da livre expressão, e continua a evidenciar a influência e importância de Allende na literatura.

Além disso, Dorfman teve grande sucesso com a peça “A Morte e a Donzela”, que foi encenada em várias partes do mundo e também virou filme pelas mãos de Polanski, mas não obteve o mesmo sucesso no Chile. Recentemente, lançou “The Suicide Museum”, um romance histórico que aborda a morte de Allende sob as lentes da autoficção. O livro busca entender se a morte do presidente chileno foi trágica ou épica, evidenciando a resistência e heroísmo de Allende.

Ainda, Dorfman revela anedotas e trechos da vida do presidente, trazendo à tona contextos e situações pouco conhecidas pelo público em geral. Ele ressalta a figura central e a importância de Allende para a história contemporânea, questionando se os ideais de generosidade e radicalismo do presidente chileno têm algo a dizer sobre os problemas atuais do mundo.

Portanto, ao trazer à tona a memória de Allende, Ariel Dorfman não só mantém viva a figura do presidente chileno, mas também estimula a reflexão sobre os desafios e dilemas enfrentados pela sociedade atual, relacionando a história de Allende às questões políticas e ambientais urgentes. E, mesmo após sua morte, Allende continua sendo uma presença marcante na discussão sobre política, liberdade e justiça social.

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