Rússia e China fortalecem cooperação estratégica em meio a antagonismo com os EUA.

Segundo o pesquisador Temur Umarov, a Rússia e a China estão unidas principalmente pela formulação de uma política externa que antagoniza os Estados Unidos. Durante uma entrevista coletiva após uma reunião com o presidente chinês Xi Jinping, Vladimir Putin afirmou que os conflitos globais e “fatores externos são ameaças comuns e reforçam a cooperação Rússia-China”.

Umarov destaca que há uma interação entre os dois países que oficialmente trata de um diálogo para a democratização das relações internacionais, mas, na realidade, isso significa promover dúvidas sobre a presença dos EUA na política global. A formulação ideológica da política externa e o antiamericanismo são os principais fatores que unificam Moscou e Pequim, além do fato de a Rússia estar isolada dos países do Ocidente.

Por sua vez, o especialista em estudos de Rússia e China da Universidade de Leipzig, Alexei Chigadaev, aponta que a visita de Putin à China teve como objetivo demonstrar um rompimento do isolamento de Moscou na política internacional. Ele afirma que o presidente russo foi à China para estar ao lado de Xi Jinping, tirar fotos e apertar as mãos, a fim de mostrar que os líderes se reuniram com ele, apesar das sanções impostas. Além disso, Chigadaev destaca que o chanceler Lavrov esteve em uma visita à Coreia do Norte, possivelmente preparando uma visita de Putin ao país, o que reforça a imagem de que Putin não está isolado.

Outro objetivo importante da visita foi o reforço da confiança entre Putin e Xi Jinping. Chigadaev destaca que é importante para Xi Jinping entender que tudo o que acontece na Rússia está sob algum controle. Essa confiança foi abalada com o caso da rebelião do grupo Wagner, que gerou diversas teorias na China e resultou na suspensão de projetos de investimento chinês na Rússia. O encontro entre Putin e Xi Jinping serviu como uma espécie de verificação de normalidade.

Para a China, a Rússia desempenha um papel estratégico importante no sentido de conter a ameaça dos EUA, principalmente no plano militar. A Rússia ocupa toda a região fronteiriça ao norte da China, e em caso de hipotéticos mísseis, o sistema de defesa russo seria capaz de derrubá-los, já que passariam pelo território russo. Isso é crucial, considerando a estratégia de segurança nacional dos EUA, que afirma que Rússia e China são potenciais inimigos.

Essa visita de Putin à China reforçou os laços entre os dois países e serviu para demonstrar aos Estados Unidos que a Rússia não está isolada internacionalmente. A cooperação Rússia-China tem como base uma política externa que questiona a presença americana na política global e busca proteger os interesses desses dois países contra as ameaças dos EUA.

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