O Rio de Janeiro, principal cartão postal do Brasil, foi por tantos anos a capital do país. Foi no Rio que a família real portuguesa se refugiou em 1808, fugindo das invasões napoleônicas. A cidade é berço de algumas das principais manifestações culturais do país. Foi ali, na Pedra do Sal, no Morro da Conceição, que nasceu o samba. E foram nas praias da Zona Sul que surgiu a bossa nova.
A música é uma forma de exaltar o Rio, mas também de lamentar sua desgraça. A cidade é conhecida como “a cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos”, como cantado por Fernanda Abreu em parceria com Fausto Fawcett, Allem Shamblin e André Young. É a “capital do sangue quente, do pior e do melhor do Brasil”.
Mas por que o Rio é assim? Chico Buarque desconfia que a culpa é do sol, como ele expressa em sua música “Caravanas”. O sol que bate forte na cabeça, que estoura as veias, que embaça os olhos e a razão. A razão embaçada, presente também na música “Estação Derradeira”, onde Chico fala de cidadãos loucos com carradas de razão, carregando bandeiras sem explicação.
O Rio de Janeiro também é um tema recorrente nas músicas de Milton Nascimento e Gilberto Gil. Os dois pedem a São Sebastião, padroeiro da cidade, que ore por ela. Eles criticam as flechas envenenadas, representadas pelo crime e pelas milícias, que afetam a vida dos moradores e deixam o Rio sem controle.
Infelizmente, o Rio de Janeiro, que já foi considerado lindo, hoje está tomado pelo crime e pelo caos. De um lado, o crime organizado invade as favelas e assombra a cidade com suas caravanas. Do outro, as milícias dominam metade da cidade, deixando-a sem comando.
Gilberto Gil compôs a música “Aquele Abraço” após ser preso em 1968 e partir para o exílio em Londres. Na época, o Rio já não era lindo, com casos de violência e mortes de estudantes, como o caso de Edson Luís no restaurante universitário Calabouço.
Além das belas praias, da natureza exuberante e dos pontos turísticos famosos, existe um Rio que não é lindo. E infelizmente, a cada dia, ele fica mais horroroso. O Brasil precisa urgentemente encontrar soluções para resgatar a beleza e a segurança do Rio de Janeiro.
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