Ricardo Lewandowski, ex-ministro do STF, atua como advogado da J&F em briga bilionária no TJ-SP antes de assumir Ministério da Justiça

A contratação do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, como advogado da empresa J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, tem gerado intensa repercussão no meio jurídico. A atuação de Lewandowski no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) é apontada como um dos principais motivos para a sua contratação, uma vez que ele ocupou anteriormente cargo nessa corte antes de ser indicado ao STF em 2006.

Lewandowski, que atuou como advogado até 1990 antes de ingressar na magistratura, foi promovido a desembargador do TJ-SP em 1997, onde permaneceu por nove anos antes de ser indicado ao Supremo. Após aposentar-se do STF em abril do ano passado, ele foi anunciado como ministro da Justiça e Segurança Pública pelo presidente Lula, sendo que assumirá o cargo no início de fevereiro.

Sua atuação para a J&F foi no contexto de uma disputa acionária bilionária em andamento desde 2017 contra a Paper Excellence pela Eldorado Papel e Celulose. Essa disputa mobilizou bancas de advocacia renomadas, e Lewandowski foi contratado especificamente para atuar em um processo no TJ-SP no qual a companhia dos Batista tenta anular decisões favoráveis à Paper.

Após a aposentadoria de Lewandowski, a J&F o procurou para elaborar parecer jurídico e acompanhar pontualmente a ação anulatória em trâmite no TJ-SP. Ele produziu um parecer de 14 páginas, mencionando outros nomes conhecidos da Justiça brasileira.

Por outro lado, a contratação de Lewandowski tem gerado debate sobre a atuação de magistrados aposentados em atividades relacionadas à advocacia e outros setores do governo e do setor privado. A indicação de Lewandowski para o Ministério da Justiça interromperá seu contrato com a J&F, cujos valores e formas de pagamento ainda estão sob sigilo.

Apesar da intensa movimentação e debate em torno da contratação de Lewandowski, sua nomeação como ministro da Justiça continua a gerar expectativas. A posse, no entanto, só ocorrerá mais adiante devido a questões particulares do novo ministro. A atuação de ex-ministros do STF em cargos públicos também trouxe à tona discussões sobre a necessidade de quarentena para magistrados que deixam a corte e passam para o setor privado ou para o executivo. A controvérsia continuará a gerar discussões e reflexões sobre as atividades e responsabilidades de ex-magistrados em cargos públicos e na advocacia.

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