O alto comando das forças armadas participou ativamente da operação de inteligência que resultou na farsa eleitoral de 2018 e também esteve envolvido na ocupação militar dos órgãos de governo e demais instituições do estado durante o governo Bolsonaro. Além disso, há evidências de que eles tinham conhecimento e participação nos atos do dia 8 de janeiro.
Segundo o testemunho do tenente coronel Cid, ex-ajudante de ordens, o general Freire Gomes teria ameaçado prender Bolsonaro se ele continuasse insistindo no golpe, poucos dias antes do dia 8 de janeiro. Isso indica que, mesmo sabendo da posição contrária do comandante do Exército, eles persistiram na tentativa de implantar o caos necessário para uma intervenção militar.
Será que eles desistiram do golpe porque perceberam que não teriam apoio nem dos Estados Unidos? Essa é uma questão que ainda precisa ser esclarecida.
O envolvimento das forças armadas nesses eventos tem levado a uma queda na confiança da instituição por parte da população. Uma pesquisa do Datafolha mostrou que a confiança nas forças armadas caiu de 45% em abril de 2019 para 34% em setembro de 2023. Isso indica que as pessoas estão percebendo o mal que as forças armadas causaram ao país ao usurparem o poder e não cumprirem com suas obrigações constitucionais.
Durante os quatro anos em que as forças armadas estiveram no poder, os indicadores econômicos e sociais pioraram. A economia ficou estagnada, a exclusão social atingiu metade da população e o país voltou ao mapa da fome, com mais de 30 milhões de subnutridos.
No entanto, com a simples mudança de governo, as coisas rapidamente começaram a melhorar. O presidente Lula afirmou que o Brasil está de volta e que há um projeto de retomada do desenvolvimento, baseado na reindustrialização.
Além disso, o panorama global também é favorável. Eventos como a reunião do Grupo dos 77 em La Habana, a reunião ampliada dos Brics na África do Sul e a Assembleia Geral das Nações Unidas mostram um mundo cada vez mais dividido, com o isolamento do Ocidente, entendido como os países sob a influência dos Estados Unidos.
Há um consenso de que o Conselho de Segurança da ONU deve ser ampliado e que uma nova ordem econômica e social baseada na cooperação para o desenvolvimento, sem hegemonias e sanções, deve ser estabelecida, respeitando a soberania dos países.
Em resumo, as revelações recentes colocam em evidência o envolvimento das forças armadas nos atos golpistas. O recuo do comando do Exército na última hora e a queda na confiança da instituição indicam um mal estar na sociedade em relação a essa questão. Por outro lado, a mudança de governo e o panorama global favorável trazem esperanças de retomada do desenvolvimento e de uma nova ordem econômica e social mais justa e igualitária.