Religiosos contra PL Antiaborto por Estupro: Bispos e padres repudiam proposta que criminaliza mulheres vítimas de violência sexual.

Um grupo de 460 bispos e padres no Brasil, engajados em apoiar o pontificado do Papa Francisco, divulgou um manifesto firme contra o PL Antiaborto por Estupro. A proposta controversa equipara a interrupção da gravidez após 22 semanas ao crime de homicídio, inclusive no caso de mulheres vítimas de estupro.

Neste documento, os religiosos expressaram repúdio ao projeto de lei 1904/2024, conhecido popularmente como PL dos Estupradores, em consonância com a maioria do povo brasileiro e especialmente com as mulheres. Eles deixaram claro que não são a favor do aborto, porém se opõem veementemente à substituição de políticas públicas por leis punitivas que penalizam as vítimas de estupro de forma desproporcional em relação aos agressores.

A proposta apresentada pelo deputado evangélico Sóstenes Cavalcante estabelece uma pena de até 20 anos de prisão para mulheres que interromperem a gravidez, enquanto um estuprador pode ser detido por no máximo dez anos, de acordo com o Código Penal.

O manifesto expõe as divergências dentro da Igreja Católica no Brasil, uma vez que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apoia o projeto. Os religiosos planejam enviar o documento tanto à CNBB quanto ao Papa Francisco, buscando sensibilizá-los sobre os impactos e implicações sociais decorrentes dessa proposta de lei.

Além disso, os líderes religiosos enfatizaram que criminalizar as mulheres vítimas de estupro e abuso é uma forma de revitimização, e que a criminalização não reduz o número de abortos, apenas impede que sejam realizados de forma segura.

Para esses bispos e padres, é fundamental abordar essa questão complexa com sensibilidade e ampla discussão, evitando soluções simplistas e punitivas. A voz de líderes religiosos e membros da sociedade civil se une na defesa dos direitos das mulheres diante de um cenário que visa cercear suas escolhas e sua autonomia reprodutiva.

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