Não é segredo que a Igreja Católica tem enfrentado uma série de escândalos nos últimos 20 anos em todo o mundo, com muitos deles relacionados a abusos sexuais contra crianças. No entanto, as acusações de abusos sexuais na Espanha só começaram a surgir nos últimos cinco anos, inicialmente sendo negadas pelo alto clero. Isso é especialmente preocupante em um país que é tradicionalmente católico, mas vem se afastando cada vez mais da fé cristã.
Para chegar a essa porcentagem alarmante de vítimas de abuso, o governo espanhol entrevistou mais de 8 mil pessoas. Os dados revelaram que a maioria das vítimas de padres e sacerdotes são meninos, representando dois terços dos casos.
É importante ressaltar que este relatório é o primeiro estudo oficial do governo sobre abusos sexuais na Igreja Católica. O texto foi encomendado pelo congresso e é de autoria de Ángel Gabilondo, o “defensor del pueblo”, cargo inspirado no ombudsman sueco que foi instituído na Espanha pela Constituição de 1978.
Gabilondo criticou a falta de colaboração do clero durante a elaboração do relatório, afirmando que alguns bispos repreenderam a iniciativa. Ele espera que a Igreja Católica reconheça a importância de colaborar com a sociedade para resolver esse grave problema.
O documento também aponta a resposta insatisfatória da Conferência Episcopal Espanhola ao pedido de informações, destacando a falta de atenção a algumas denúncias e a relutância em investigar casos de abuso.
Em seu comentário sobre o relatório, o premiê Pedro Sánchez, que estava na Bélgica participando de um encontro de líderes europeus, afirmou que o relatório ajuda a esclarecer uma realidade que todos conheciam, mas que ninguém falava. Ele prometeu analisar as recomendações do relatório, que incluem a criação de um fundo estatal para compensar as vítimas de abuso.
Sánchez também elogiou o trabalho do relatório, que foi respeitoso com as vítimas, e ressaltou que a democracia espanhola está um pouco melhor hoje. Ele enfatizou que esse é apenas o começo e que a luta contra os abusos sexuais na Igreja Católica continuará.