Após meses de expectativa e esperança, a triste realidade se impôs na Venezuela. Nicolás Maduro permanece no poder, apesar das ilusões de acadêmicos e analistas políticos que acreditavam em sua queda através do voto popular. As eleições apenas confirmaram sua permanência no palácio presidencial, desencadeando repressões e mortes no país.
A derrota da oposição e a vitória de Maduro não podem ser atribuídas apenas à natureza autocrática de seu regime. Segundo a historiadora Anne Applebaum, a oposição enfrentou não apenas Maduro, mas também o apoio de potências como Rússia, China, Irã, Turquia e outros regimes autoritários que sustentam o governo venezuelano. Uma derrota em Caracas teria repercussões em várias capitais ao redor do mundo, tornando a resistência contra Maduro ainda mais desafiadora.
A análise de Applebaum revela que o autoritarismo contemporâneo opera de forma multinacional, compartilhando recursos e tecnologia entre regimes autocráticos. Na Venezuela, por exemplo, o dinheiro russo, a tecnologia chinesa e a presença de cubanos e belarusianos ilustram a diversidade de interesses envolvidos no país sul-americano.
Essa nova forma de autoritarismo, orientada pelo poder e pela riqueza, procura evitar qualquer ameaça à sua estabilidade, incluindo ideais democráticos como transparência, direitos humanos e liberdade de expressão. A aliança entre regimes autoritários de diferentes naturezas mostra que o lucro é mais valorizado do que filosofias políticas ou ideológicas.
Além disso, Anne Applebaum expõe a cumplicidade de atores no Ocidente, como banqueiros, empresários e governos, que fecham os olhos para a origem ilícita de recursos financeiros vindos de regimes autoritários. A necessidade de segurança energética e tecnológica muitas vezes leva países ocidentais a se aliarem a potências como China e Rússia, colocando em risco seus próprios valores democráticos.
Em resumo, a permanência de Nicolás Maduro no poder na Venezuela não é apenas um problema interno, mas um reflexo de um sistema autocrático multinacional que desafia os ideais democráticos e promove a opressão em nome do poder e da riqueza. A análise de Applebaum lança luz sobre essa realidade complexa e desafiadora, que exige uma abordagem cuidadosa e firme por parte da comunidade internacional.