Os Estados Unidos, em particular, dependem muito das importações desses materiais, o que os torna vulneráveis a interrupções e riscos geopolíticos, de acordo com especialistas do setor. Além disso, as operações de mineração de terras raras podem resultar em poluição do solo e da água, além de conflitos locais e violações dos direitos humanos.
A ideia de reutilizar ou reciclar terras raras não é nova. Na década de 1980, pesquisadores japoneses já haviam cunhado o termo “mineração urbana” para descrever a coleta desses metais raros de dispositivos eletrônicos descartados em vez de extraí-los da terra. No entanto, apenas cerca de 1% das terras raras em produtos antigos é reutilizado ou reciclado, enquanto o mundo continua a depender da mineração para seu suprimento — aproximadamente 70% das terras raras vêm da China.
No entanto, os pesquisadores do estudo mais recente apontaram que a reutilização e reciclagem poderiam mudar esse cenário. A modelagem realizada por eles mostrou que os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão poderiam acumular estoques de terras raras em seus produtos eletrônicos antigos que superam em muito o que seria encontrado ao minerar a terra.
Apesar do potencial benefício da reciclagem, existem desafios significativos a serem superados. A reutilização e reciclagem de terras raras muitas vezes são complicadas devido à combinação desses metais com outros, e alguns métodos de reciclagem requerem o uso de produtos químicos perigosos e grande quantidade de energia.
No entanto, os cientistas estão trabalhando ativamente nessas questões. Um exemplo disso é o desenvolvimento de maneiras de usar micróbios em vez de produtos químicos tóxicos para extrair terras raras de produtos antigos. Além disso, empresas como a Apple estão desenvolvendo robôs para recuperar materiais essenciais, incluindo terras raras, de dispositivos antigos.
Apesar dos desafios, há muito interesse e pesquisa em andamento nessa área, o que pode resultar em avanços significativos no futuro. A reciclagem de terras raras pode mudar o paradigma de mineração excessiva e, assim, contribuir para a transição para uma economia mais sustentável e com menos impacto ambiental.