Nos últimos meses, o movimento de protesto contra a construção de uma rodovia na França pareceu ter perdido força. No entanto, de acordo com a empresa Atosca, que obteve a concessão da estrada, 45% do orçamento do projeto já foi empenhado e 95% do desmatamento previsto para o traçado da obra foi realizado. A situação preocupante reacendeu o debate e gerou mobilização por parte dos ativistas.
A ativista sueca Greta Thunberg também se manifestou sobre o assunto, afirmando que projetos desse tipo não são específicos da França, mas acontecem em todo o mundo e são sintomáticos de uma crise global. Ela indicou que irá à região de Bordeaux para apoiar os opositores a um projeto de exploração de petróleo na área.
Recentemente, um movimento de protesto chamado “cabanada” foi organizado em Saix, e teve a participação do coletivo de militantes “La voie est libre” (o caminho está livre, em tradução livre). Os defensores do meio ambiente programaram workshops, mesas-redondas e concertos em um armazém localizado em um terreno particular. A cerca de 400 metros do local, os ativistas construíram cabanas em árvores que se encontram no traçado da rodovia e que serão cortadas, caso o projeto avance. No local, os militantes instalaram uma “ZAD”, iniciais de “zona a defender”, um tipo de mobilização que se tornou frequente entre os ecologistas franceses. O objetivo é impedir a continuidade das obras, principalmente depois que o novo primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, confirmou a manutenção do projeto.
As tensões aumentaram quando cerca de cem ativistas bloquearam a ferrovia entre Toulouse e Castres e instalaram obstáculos nos trilhos. A polícia tentou desalojar os militantes por meio do uso massivo de bombas de gás lacrimogênio, mas não conseguiu penetrar na ZAD. Houve confronto entre as tropas de choque e os militantes, que relançaram as bombas de gás junto com raquetes de tênis contra os policiais, segundo um fotógrafo da AFP.
Diante do impasse e da resistência dos ativistas, o futuro do projeto rodoviário permanece incerto, alimentando o debate sobre a importância de conciliar o desenvolvimento com a preservação do meio ambiente. A luta em Saix representa um alerta sobre a relação cada vez mais tensa entre progresso e sustentabilidade.