Entretanto, o projeto do padre nunca chegou a ser discutido pelos deputados, sendo engavetado sem passar por nenhuma comissão da Câmara. Ao longo dos anos, foram apresentadas diversas propostas relacionadas ao aborto, a maioria delas contrárias à interrupção da gravidez, como identificado pela feminista Maria Isabel Baltar da Rocha Rodrigues.
Em 1971, durante a ditadura militar, o Senado tratou do tema pela primeira vez. Um projeto de lei foi redigido pelo senador Vasconcelos Torres, que buscava ampliar os casos de aborto legal, incluindo situações como gestação resultante de incesto e risco à saúde da mãe. No entanto, o projeto foi rejeitado nas comissões do Senado e acabou sendo engavetado.
A discussão sobre o aborto continuou ao longo dos anos, com diferentes posicionamentos sendo apresentados no Congresso Nacional. Em 1989, após a promulgação da Constituição, o primeiro serviço brasileiro dedicado ao aborto legal foi criado em São Paulo, marcando um avanço na regulamentação do assunto.
O debate sobre o aborto no Brasil ainda é complexo e controverso, com diferentes opiniões e interesses em jogo. A questão envolve não apenas a legislação, mas também aspectos éticos, religiosos e de saúde pública. A luta pela garantia dos direitos das mulheres sobre seus corpos e pela ampliação do acesso a serviços seguros de interrupção da gravidez continua sendo um desafio no país.